A Análise Política da Semana, transmitida pela Causa Operária TV e conduzida por Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), alertou para uma escalada de ataques às liberdades democráticas no Brasil e para uma “nova etapa de golpes de Estado” na América Latina, impulsionada pelo imperialismo em crise.
Pimenta iniciou sua análise destacando que a “liberdade de expressão é a pedra fundamental de todas as liberdades políticas”. O dirigente apontou que o nível de ataque aos direitos democráticos no Brasil é severo, citando o caso da ativista feminista Isabela Cêpa.
Cêpa, que havia sido processada após um comentário em que chamava a deputada transsexual Érika Hilton (PSOL-SP) de “homem”, fugiu para o exterior e “pediu asilo político e foi concedido a ela o asilo político”. Segundo Pimenta, isso demonstra que, na Europa, a situação no Brasil é considerada ainda pior em termos de perseguição política. A situação se agravou, uma vez que a ativista enfrenta agora um segundo processo pela mesma questão, o que “já configura perseguição política”.
O presidente do PCO denunciou o uso de recursos públicos para financiar a censura, referindo-se a uma iniciativa da deputada federal Erika Hilton, que alocou R$300.000 para uma organização que usa inteligência artificial para monitorar a internet e “detectar pronunciamentos que… estejam considerados negativos contra gays, lésbicas, trans, etc., para abrir processos”.
Pimenta classificou essa ação como a criação de uma “máquina, uma indústria de processos”, e criticou: “o dinheiro do Estado, ao invés de ir para a educação… ou para a saúde… vai para a censura”. Ele rejeitou a ideia de que tais medidas se destinam à proteção de minorias, afirmando que se trata de “um processo de perseguição em larga escala contra os mais diversos tipos de pessoas com motivos políticos”.
O analista político criticou a instrumentalização da legislação, que transforma a injúria em um crime passível de cinco anos de cadeia. Ele chamou o método do Supremo Tribunal Federal (STF) de “legislação sanfona”, que expande uma lei (como a de injúria racial) para abranger outras formas de injúria.
Para Pimenta, o grande problema é que a lei de injúria “não protege bem nenhum” e “só existe para defender as pessoas de críticas”. Ele concluiu que o uso dessas leis, que tornam a injúria inafiançável, já configura uma “ditadura”.
Diante do quadro de perseguição, Pimenta anunciou que a direção do PCO tomou a decisão de criar imediatamente dois comitês de combate.
O primeiro será um “comitê contra a perseguição política”, que deverá combater a perseguição generalizada, citando casos que vão desde a feminista Isabela Cepa até o bolsonarista Felipe Martins.
O segundo será um “comitê dos perseguidos pelo sionismo”. Pimenta informou que um levantamento rápido já encontrou 40 processos movidos por organizações como a Confederação Israelita do Brasil (Conib) e ONGs ligadas a “Israel” contra cidadãos brasileiros. “Existem no Brasil pessoas que atuam a serviço de um país estrangeiro… para perseguir cidadãos brasileiros”, denunciou. Pimenta enfatizou que o partido não se calará e que é preciso “contra-atacar” a perseguição.
Sobre a situação na América Latina, Pimenta afirmou que a crise do imperialismo não resultará em uma solução positiva e pacífica, mas sim em mais força e conflito, como visto historicamente. Ele reiterou a tese do partido de que o continente entrou em uma “etapa de golpes de Estado”.
O analista citou o Peru, onde uma ditadura já existe, com um novo golpe que levou o fujimorismo ao controle. Ele também mencionou a Bolívia, onde a não-participação de Evo Morales na eleição foi um “verdadeiro golpe de Estado”.
Sobre o Equador, Pimenta criticou as medidas neoliberais do presidente Daniel Noboa, que levaram a protestos reprimidos com violência. “Mataram três pessoas a bala nas manifestações, deixou centenas de feridos, prendeu mais de 300 pessoas. É a ditadura”, sentenciou.
A respeito da Faixa de Gaza, Pimenta avaliou o cessa-fogo como uma vitória para a Resistência Palestina. Ele argumentou que, ao ser forçado a ceder território, trocar prisioneiros (libertando milhares de palestinos) e não obter o desarmamento do Hamas, o lado sionista mostrou-se enfraquecido.
Pimenta também comentou as execuções de colaboracionistas de “Israel” pelo Hamas, criticadas pela imprensa internacional. Ele defendeu a ação, comparando-a à atitude da Resistência Francesa contra os colaboradores nazistas. “Qualquer movimento de resistência que mereça o nome não deixaria passar uma traição desse nível”, afirmou.
Ao comentar a posição da esquerda brasileira sobre a Venezuela, Pimenta criticou a posição de grupos como o PSTU, que defendem a soberania, mas com a palavra de ordem “Nenhum apoio ao governo Maduro”.
Pimenta considerou essa postura uma “brincadeira” e uma “loucura”, argumentando que “a única maneira de deter intervenção na Venezuela é apoiar a luta do governo Maduro contra a intervenção”. Ele enfatizou que a luta contra o imperialismo é a prioridade, e que a esquerda não pode permitir que a questão da “democracia” se sobreponha à defesa nacional.
Por fim, Pimenta agradeceu a solidariedade e o apoio financeiro recebidos na campanha para salvar a vida de sua filha, Natália Pimenta. Ele detalhou que a dirigente do PCO e do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal) necessita de um medicamento importado e caríssimo.
O líder do PCO criticou a juíza que negou o acesso ao remédio, baseando-se em uma tecnicalidade sobre a aprovação da FDA (agência reguladora dos EUA). Ele destacou que a lei brasileira está ao lado da família e que o Estado tem a obrigação de fornecê-lo.
Pimenta transformou a luta em um apelo mais amplo: “O nosso objetivo é chamar a atenção, é criar uma pressão… para expor uma situação que atinge a população brasileira”.





