Na última edição do programa Análise da 3ª, transmitido pela Rádio Causa Operária, o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO) Rui Costa Pimenta, analisou a crise do governo Lula, apontando que sua fraqueza política é um dos fatores centrais do problema. Para Pimenta, a falta de maioria no Congresso e a dependência de aliados instáveis tornaram o governo vulnerável às pressões externas. “O que levou o governo à crise foi justamente a sua enorme debilidade. Falamos desde o começo que o governo não tem a maioria no Congresso, os aliados do governo são todos muito instáveis. O PT falou: ‘somos mágicos, vamos fazer acontecer’. Então, o governo caiu na pressão do imperialismo e lançou essa política desvairada. Isso é consequência da fraqueza do governo. O Lula aprendeu uma lição. Ele foi para a direita e está se dando muito mal, e agora?”, questionou.
O dirigente do PCO também criticou a tentativa de responsabilizar a primeira-dama Janja, pelos problemas do governo. Ele lembrou que essa estratégia já foi utilizada historicamente para desviar o foco das decisões políticas. “É comum para os apoiadores de um líder político botarem a culpa na mulher do cidadão. Vejam o caso de Perón. No segundo governo, ele estava casado com uma direitista, em oposição à mulher do primeiro governo, que era esquerdista. A primeira era a Evita; a segunda, a Isabelita, era ligada à extrema-direita dentro do peronismo. Mas o problema não era ela, era o próprio Perón. Ele é que tinha as ideias.”
Pimenta destacou que Lula já demonstrava sua orientação política antes mesmo de assumir o governo, descartando a hipótese de que sua guinada à direita seja resultado da influência da esposa. “O Lula colocou Alckmin no governo. Ele precisaria dar uma guinada à esquerda, não é questão de um sussurro da Janja ou uma intriga. Não é isso que determina a política do governo. O problema central é que o Lula fez uma aposta na direita — na economia, na questão dos direitos democráticos, na ecologia. Quem colocou a Marina Silva no ministério, uma agente do imperialismo, foi ele. Ele escolheu a política direitista e colheu os frutos. É preciso revisar a questão geral do governo, não é uma questão da Janja.”
Rui também afirmou que a direção do PT não aprendeu com o golpe de 2016 e continua buscando alianças com os setores que participaram da derrubada de Dilma Rousseff. “A maioria da direção quer esquecer esse golpe, pois acham que o futuro está em uma aliança com esses golpistas. Eles acham que é preciso se aliar às pessoas que deram o golpe no governo do PT contra o Bolsonaro, que não foi quem organizou esse golpe. É algo muito estranho.”
Outro ponto abordado foi a atuação do Judiciário no país. Segundo o dirigente, não há uma aplicação igualitária das leis e os direitos são concedidos conforme interesses políticos. “No Brasil, os direitos são privilégios. Eles são concedidos pelo Estado, como aparece na questão da liberdade de expressão. Não há nenhuma lei contra a liberdade de expressão, mas o Judiciário não permite. Alguns podem falar, outros não; os que falam têm privilégio”, afirmou. Ele também denunciou a seletividade das punições judiciais: “A punição também é seletiva, é uma vendeta política. Se as instituições quiserem perseguir alguém, irão perseguir. Por isso, não há lei real no Brasil. Para ter um direito no Brasil, é preciso lutar muito contra essas instituições.”
Durante o programa, Rui Costa Pimenta enfatizou que a crise do governo não é fruto de fatores isolados, mas de uma escolha política que se reflete em todas as áreas da administração federal.