No mês de março ocorre o aniversário de 61 anos do Golpe Militar de 1964. Como já é tradicional do Partido da Causa Operária (PCO), o PCO realizará um ato no centro da cidade de São Paulo e um debate sobre a Ditadura Militar. É neste sentido que o Presidente do Partido da Causa Operária, Rui Costa Pimenta, inicia a tradicional Análise Política da Semana.
Pimenta ressalta que algo importante para o cenário político nacional: a Ditadura Militar brasileira – assim como as demais ditaduras instauradas na América Latina e em diversos outros países atrasados – foi organizada pelo que hoje é denominado de “democracia”. Os Democratas nos EUA, a rede Globo, a Folha e demais agentes ditos “democráticos” foram responsáveis diretos pela instauração do regime militar no Brasil.
Ideólogos da esquerda-pequeno burguesa tentam educar a população de que os seus piores inimigos seriam seus amigos. Isto é um ataque gravíssimo contra o povo. Pois isto não é coisa do século passado, há menos de 10 anos, em 2016, estas mesmas forças ditas “democráticas” organizaram o golpe de Estado contra a presidente Dilma Rousseff e o PT e agora são aclamados como “bastiões da democracia”, a exemplo do ministro Alexandre de Moraes.
O presidente do PCO ressalta o absurdo que é a colocação da esquerda pequeno-burguesa do “imperialismo” russo e chinês. Como esta proposição absurda serve apenas para confundir quem são os inimigos da classe trabalhadora e agir nos interesses do real imperialismo, que – hoje – são apontados como forças “democráticas”, como Biden, Macron, etc.
Trazendo o grotesco texto de Valério Arcary sobre a suposta divisão do mundo entre “neofascistas e democratas liberais” e como deveríamos apoiar estas “democracias”, Pimenta critica mais uma vez a posição horrenda da esquerda pequeno-burguesa. Nesta divisão, os responsáveis pelo bombardeio de Gaza estariam no campo dos democratas liberais, enquanto Rússia – que trava uma guerra de procuração contra toda a OTAN – seria um “neofascista”.
No Brasil, os “democratas liberais” foram responsáveis pelo golpe de 2016, pela prisão de Lula, a vitória de Bolsonaro e pela perseguição e tentativa de prisão de Bolsonaro agora. Esta manobra política dos democratas liberais é, na realidade, uma grande manobra política para impedir que Lula seja reeleito e Bolsonaro possa se candidatar, após retirar as duas grandes forças políticas do país da corrida eleitoral, os “democratas” irão impor um governo sem respaldo popular algum.
Pimenta apontou quais seriam os objetivos de um governo como este: 1) privatização de todas as empresas estatais que sobraram, a começar pela Petrobras; 2) realização de uma reforma da previdência que, na prática, extinguiria a previdência no Brasil; 3) sucateamento extremo dos serviços de saúde; 4) liquidação do que resta da legislação trabalhista.
“A política deles [democratas liberais], é muito simples, vamos esclarecer. O Estado não deve ajudar a população. Sindicato tem de ser, se não completamente destruído, tem de ser neutralizado. A população tem de viver segundo as normas do mercado. Mas cuidado, se você for fazer algo que incomode algum grande capitalista, você será esmagado como uma barata. É a norma do mercado, mas apenas para algumas grandes empresas”.
O presidente do PCO, trouxe, como já é tradicional, a questão da liberdade de expressão. Desta vez, o ex-servidor do INSS, Ramos Antônio Nassif Chagas, foi condenado a pagar uma indenização de 30 mil reais por danos morais por “hostilizar” o ministro Gilmar Mendes do STF. Chagas apenas disse à Mendes que o ministro “e o STF são uma vergonha para o Brasil e para o todo povo de bem” e que o Brasil está “sendo destruído por pessoas como você”. Isto é o resultado da campanha contra liberdade de expressão feita, sobretudo, pela esquerda. Na prática, as decisões do STF transformaram a sociedade brasileira em uma ditadura.
Outros casos também foram levantados por Rui Costa Pimenta. Como o processo de Gilmar Mendes contra um jornalista, a perseguição do ex-ministro Silvio Almeida, a loucura identitária de Sâmia Bomfim contra Baby Consuelo e a propaganda política do STF no canal “anti-humorístico” Porta dos Fundos.
Sobre a questão ucraniana, Pimenta destacou que as pressões contra a política do Trump para acabar com a guerra da Ucrânia são muito grandes e que o cessar-fogo proposto é, na realidade, um recuo do presidente norte-americano. O imperialismo está colocando todas as suas forças para impedir o fim do conflito. A Europa aumentou ao máximo seu investimento militar, demonstrando que, caso a política de Trump de fim da guerra fosse bem-sucedida, estaríamos presenciando uma derrota gigantesca do imperialismo.
O presidente do PCO também debateu um vídeo da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, se contradizendo com relação ao ministro Alexandre de Moraes. Em um primeiro momento – quando Moraes foi indicado ao STF – a presidente do PT aponta o caráter militante de Moraes enquanto membro do PSDB, anos depois, Hoffmann agraciava Moraes por seu “papel a luta pela democracia”. A contradição entre as falas da petista demonstra que as posições da esquerda perante Moraes é uma posição de manipulação da população. A defesa do STF é uma enganação da política imperialista, ludibriando a esquerda para colocar no poder os candidatos da burguesia imperialista.
