Entrevista à TV 247

Rui Pimenta: chacina do Rio de Janeiro é ‘crime do Estado’

Presidente nacional do PCO comentou principais notícias da semana em conversa com Andreia Trus

Em sua habitual entrevista à TV 247 nas sextas-feiras, Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), comentou, no dia 31 de outubro, a chacina praticada pela Polícia no Rio de Janeiro.

“Nós temos que deixar claro o que aconteceu no Rio de Janeiro é uma monstruosidade”, disse ele, que classificou a ação como “a maior chacina policial da história do país”.

Pimenta criticou a reação da direita que busca justificar as mortes pela ficha criminal das vítimas. “Você não tem que ver nada disso. Não a menor importância. A única coisa que tem importância é saber como essas pessoas foram mortas. Porque se não for em legítima defesa, é crime do Estado e é um crime monstruoso”, sentenciou o analista.

Rui Pimenta enfatizou que o crime estatal é sempre pior, dada a máquina poderosa que o Estado representa. O analista dirigente expressou sua suspeita de que a maioria das 130 vítimas foram executadas.

“Eu tenho uma quase certeza de que uma boa parte desse pessoal foi simplesmente executada pela polícia”, revelou Pimenta. “É gravíssimo. É de uma gravidade inacreditável”. Ele descreveu a ação como um possível “corredor” criado para matar e não como um confronto legítimo.

“Nós estamos defendendo um direito que é nosso”, esclareceu Pimenta ao rebater a acusação de “defender bandido”. “Nós estamos falando é que a polícia não pode sair por aí matando as pessoas no meio da rua, né? É um problema de direito”. Ele ironizou a ideia de que a polícia teria matado grandes líderes do tráfico, sugerindo que as vítimas eram “pobres coitados”.

O presidente do PCO situou os massacres no Rio de Janeiro em uma tendência mais ampla de repressão na América Latina, citando El Salvador, Equador e Argentina. Para ele, o objetivo é abrir caminho para uma “ditadura de tipo policial”.

“Esse pessoal faz demagogia com essa classe média”, explicou Pimenta, referindo-se à histeria política em torno da segurança. Ele descartou a promessa de acabar com o crime por meio da repressão. “Se alguém aparecer e prometer que vai acabar com o crime, você tem que falar: ‘Você é um mentiroso'”.

Ao discutir a lavagem de dinheiro, Pimenta questionou o foco do imperialismo em Foz do Iguaçu, sugerindo que a verdadeira preocupação não é o tráfico, mas sim o financiamento de grupos como o Hesbolá.

Rui Pimenta alertou para a falta de distinção entre direita e extrema-direita no Brasil, qualificando ambos como “canibais”. Ele criticou a histeria política, que serve como demagogia eleitoral para políticos como Cláudio Castro, que busca ascender ao Senado.

“Essa violência toda, ela é um jeito de aterrorizar a população”. disse Pimenta, referindo-se ao medo que a classe média sente de uma “coleção de bichos-papões.”

A entrevista abordou a investigação policial contra o jurista Alysson Mascaro. Pimenta classificou o caso como uma “perseguição” baseada em crimes morais imaginários, como “olhar com olhar lascivo para uns homens barbudos”.

“Nós entramos na época da perseguição por crimes sexuais imaginários, né? Crimes morais. É uma coisa de louco”, declarou Pimenta, questionando a legitimidade da investigação após a USP não ter encontrado informações relevantes.

“O que que querem? Não sei. Minha pergunta é: o que que eles querem com esse negócio?”. Pimenta interpretou a perseguição como uma demonstração de força da ditadura: “eles querem o poder de perseguir as pessoas”.

Ao analisar a vitória de Javier Milei na Argentina, Rui Costa Pimenta pediu calma. Ele destacou a alta abstenção (40%) e o fato de Milei ter recebido apoio financeiro dos EUA na véspera da eleição.

“A vitória de Milei é uma vitória do imperialismo”, afirmou Pimenta, descrevendo o novo presidente como um neoliberal ultra-radical. Ele alertou que o modelo de privatizações e destruição de direitos trabalhistas de Milei “vai ser feito aqui em dobro,” citando o governador Tarcísio de Freitas como um admirador declarado do argentino.

O encontro entre Lula e Donald Trump também foi comentado por Pimenta, que ironizou a euforia de setores do PT, que antes classificavam Trump como “o filho de Satanás.”

“Eu acho que isso daí não tem nada, é só um jogo de aparências”, disse Pimenta. Ele reconheceu o interesse de Trump no Brasil, especialmente no petróleo e nas terras raras, mas negou que houvesse “carisma” pessoal em relação a Lula. Pimenta previu que qualquer negociação futura com os EUA, mediada por figuras como Marco Rubio, será “um achaque”.

Sobre o cessar-fogo em Gaza, Pimenta considerou a situação frágil. Para o Hamas e os palestinos, a interrupção da violência permitiu uma recomposição e a libertação de milhares de presos.

“Eu acho que, até o momento, o resultado tem sido muito positivo”, avaliou Pimenta, que descartou a possibilidade de paz duradoura “sem terminar o Estado de Israel”.

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