“Isso aqui é uma coisa assim tipo 1984”, disse Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), durante a última edição do programa Análise Política da Semana, da Causa Operária TV. Antes de iniciar o seu tradicional debate sobre a liberdade de expressão, o dirigente expressou sua gratidão a todos que atenderam ao apelo para doação de sangue para sua filha Natália Pimenta, membro da Direção Nacional do Partido. O presidente do PCO agradeceu especialmente a Leonardo Attuch, Breno Altman, Rafael Machado e o Kim Paim, que contribuíram para divulgar o chamado.
Pimenta estendeu a solidariedade a outros membros do partido que enfrentam doenças graves, citando o caso de militantes no Distrito Federal e em Santa Catarina.
O dirigente do PCO seguiu para o tema da liberdade de expressão, chamando a atenção para o que ele considera a “culminação da política da censura do bem”. Ele ironizou a ideia, defendida por “algumas pessoas muito iluminadas”, de que a censura atual estaria sendo utilizada para reprimir a burguesia, e não a classe trabalhadora.
Para ilustrar seu ponto, Pimenta traz dados do Reino Unido: “30 pessoas por dia, 30 por dia, todos os dias são presas por declarações diversas”. Ele cita casos absurdos, como um homem que foi notificado por planejar participar de um protesto, e outro que foi forçado a escrever uma carta de desculpas a um amigo por uma piada. Outros exemplos incluem um veterano do exército preso por rezar em silêncio e uma mulher condenada a 31 meses de prisão por apoiar a deportação em massa em um grupo de WhatsApp da família.
“Isso aqui é uma coisa assim tipo 1984 mesmo”, disse Pimenta, enfatizando que a repressão atinge pessoas de diferentes espectros políticos. Ele argumentou que “uma vez que você começa a transformar a opinião em crime, isso aí não tem limite”. Pimenta criticou a esquerda brasileira por continuar a apoiar essa “censura do bem”, o que, para ele, é um sinal de que ela está “completamente adaptada à política da direita”.
Pimenta conectou a política de censura à crescente repressão contra movimentos sociais. Ele denunciou que a organização britânica Palestine Action foi classificada como “terrorista” pelo governo. “A gente já vê aqui a questão também que a esquerda brasileira apoia a lei antiterrorista”, comenta, alertando que “qualquer tipo de movimento que não seja assim absolutamente pacífico, pode ser classificado como terrorista”. Pimenta lembrou que o PCO e ele próprio são alvos de inquéritos policiais por causa de suas posições em defesa da Palestina.
Após a discussão sobre os acontecimentos mais recentes na Europa, Pimenta voltou sua atenção para a política brasileira, denunciando o processo contra Jair Bolsonaro (PL) como uma “farsa judicial” e a “quarta manipulação eleitoral” em anos recentes. Ele relembrou os casos do Mensalão, da Lava Jato e da prisão de Lula em 2018 para argumentar que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem um histórico de intervir no processo eleitoral para “dominar, condicionar, manipular o regime político brasileiro”.
Para o dirigente, a condenação de Bolsonaro é um meio de proscrever um candidato popular e “difícil de controlar”, abrindo caminho para um candidato do imperialismo. Ele aponta para Tarcísio de Freitas como o nome mais provável. “O mais cotado no Brasil, todo mundo sabe, é o Tarcísio”. Pimenta afirmou que a condenação de Bolsonaro serve a um propósito “reacionário, mais reacionário até do que o próprio Bolsonaro, por incrível que pareça”.
Na parte final da exposição, Pimenta condenou a posição de “neutralidade” do governo Lula diante da ofensiva dos Estados Unidos contra a Venezuela. Para ele, a neutralidade “é um apoio à agressão imperialista”.
“O presidente Lula, ele enche a boca para falar da lei internacional. Mas quando o imperialismo norte-americano passa por cima da lei internacional para agredir um país vizinho nosso, ele fala que ele é neutro”. O presidente do PCO considerou essa a “posição mais baixa da política do governo Lula desde que ele foi eleito”.
Durante a mesma critica, Pimenta apontou mais um sinal da “guina à direita” do governo Lula: a retomada do programa de “desestatização” criado no governo de Fernando Henrique Cardoso. Ele mencionou a privatização de hidrovias no norte do País, contradizendo as promessas de campanha.





