No programa Análise Política da Semana, transmitido pela Causa Operária TV (COTV) nesse sábado (19), o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, fez uma ampla análise da crise do regime político brasileiro, denunciando o papel desempenhado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na destruição do Estado de Direito. Segundo ele, “o STF acabou com a Constituição brasileira e com qualquer tipo de influência das leis na vida política do País”.
Para Pimenta, o poder Judiciário tomou o controle completo da política nacional.
“Eles controlam as eleições — STF, TSE —, eles escolhem o presidente da República. Todo mundo já percebeu isso.”
Ele ilustrou o processo de forma clara:
“Quando você dá o primeiro tiro de um lado do espectro político, o pessoal olha e fala: ‘Bom, ninguém consegue saber direito o que está acontecendo.’ Mas quando você atira contra a esquerda e depois contra a direita, todo mundo vê que o que estão fazendo é escolher o presidente do Brasil, né? Não tem lei, tudo pode acontecer no Brasil.”
O dirigente destacou que a crise das instituições brasileiras é resultado direto da ofensiva do imperialismo em escala internacional.
“A situação é agravada pelo cenário internacional. É agravada e, na realidade, é consequência do cenário internacional. Porque, se em todos os países há uma enorme repressão contra o movimento a favor da Palestina, no Brasil isso daí já adquiriu também uma feição muito sinistra. Estão prendendo gente por nada, acusada de ser terrorista, nazista e tal — uma coisa inacreditável do ponto de vista político.”
Segundo ele, o Brasil vive hoje sob um verdadeiro regime de terror, no qual qualquer cidadão pode ser preso com base em acusações absurdas.
“Ninguém sabe mais o que é direito, o que não é direito, o que você pode falar, o que não pode. Qualquer um pode, de repente, incorrer na ira de algum juiz e pegar 15 anos de cadeia. É um regime de terror.”
Pimenta relembrou ainda a ofensiva iniciada por Alexandre de Moraes com o inquérito das “fake news”, que teve como alvo, já em 2021, o próprio PCO.
“Quando ele proibiu as redes sociais do PCO, ninguém — ou a maioria das pessoas — não falou nada. Vocês devem lembrar que o Atush ficou assustado e suspendeu temporariamente o programa que eu fazia com ele.” A partir dali, afirmou, instaurou-se o medo generalizado. “Se eu falar alguma coisa aqui, posso ter meu canal cancelado, posso ser preso. Aquela situação de 2021 agora se generalizou. Já não é mais falar sobre urnas eletrônicas. É qualquer coisa.”
O dirigente também criticou o silêncio e a cumplicidade da esquerda pequeno-burguesa com a política repressiva do regime.
“A censura é uma política de direita à qual a esquerda aderiu porque ela está a serviço da direita pró-imperialista.”
Segundo ele, setores da esquerda chegam a afirmar que a defesa da liberdade de expressão absoluta seria uma bandeira da extrema direita. “Mas, na realidade, não é assim. Ela [a esquerda] está tão disposta a censurar os outros quanto a direita”.
A crítica se estendeu à repressão internacional contra os defensores da Palestina. Pimenta citou como exemplo a dura repressão na Inglaterra contra uma manifestação diante da sede da emissora britânica BBC.
“Os manifestantes falam que foram golpeados por policiais. Um grupo de policiais entrou na multidão em fila indiana para prender uma pessoa. Isso mostra que a ‘censura do bem’ caiu por terra completamente.”
Pimenta também abordou o projeto de lei apresentado por Ivan Valente (PSOL), que pretende proibir a oferta de novos blocos para exploração de petróleo e gás na Amazônia.
“Isso é escatológico. Ele não quer que o Brasil explore o petróleo. De um lado, entregam tudo para o estrangeiro, e de outro, os malucos não querem que o Brasil explore nada.”
O dirigente ironizou ainda a menção feita por Valente à exploração de petróleo na Antártida e na Costa Rica: “é normal uma pessoa falar um negócio desses?”
Outro ponto abordado foi o caso de um ritual com cruz em chamas realizado por membros da Polícia Militar de São Paulo.
“Ficaram horrorizados e disseram: ‘Olha o que o Tarcísio está fazendo com a PM!’ Isso é comentário idiota — isso é a PM. A resposta da própria PM foi que se trata de um ritual tradicional. Ou seja, não é algo excepcional. Cruz e fogo é um dos principais símbolos da extrema direita mundial, Ku Klux Klan e tudo mais. Aí ninguém falou mais nada.”
Na parte final do programa, Rui Costa Pimenta denunciou uma campanha coordenada contra a Resistência Palestina, em especial contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), envolvendo a Autoridade Palestina, países árabes e o imperialismo. Ele criticou duramente declarações recentes de Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), que, em entrevista ao Brasil 247, afirmou ser “avesso à resistência islâmica”.
Para Pimenta, trata-se de um ataque velado ao Hamas, que, segundo ele, “foi o grupo que teve a coragem e a capacidade de enfrentar a situação, apoiado pela República Islâmica do Irã, pelo movimento Ansar Alá e pelo Hesbolá”. Segundo ele, “quem se coloca contra a resistência está a favor da destruição completa de Gaza”. E concluiu: “defender a Palestina sem defender a resistência é inócuo. Ou você é a favor, ou é contra”.
O dirigente afirmou ainda que o verdadeiro motivo da paralisia do movimento palestino no Brasil é o boicote praticado por setores que rejeitam o apoio à resistência.
“No fundo, são contra a campanha da Palestina. Chamamos atos com milhares e eles não vão. Dizem que é porque é o PCO, mas não é. É porque são contra o movimento de defesa da Palestina.”
Rui Costa Pimenta encerrou o programa fazendo um alerta:
“Se não houver resistência, os palestinos vão ser expulsos de onde estão. Quem é contra a resistência é a favor disso. É criminoso, é monstruoso.”