Entrevista no 247

Rui Costa Pimenta: prisão de Bolsonaro é farsa política

Presidente do PCO destacou que ofensiva contra ex-presidente diz respeito às eleições de 2026

Em sua participação semanal no programa da TV 247, nesta sexta-feira (28), Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), analisou a situação política nacional e internacional, criticando o papel do Judiciário, o cálculo eleitoral da burguesia para 2026, a crise nas Forças Armadas, o acordo Mercosul-União Europeia e a política adotada pelo PT em temas centrais como segurança pública e Venezuela.

O cálculo para 2026

Pimenta afirmou que todo o conjunto de investigações, prisões e operações envolvendo Jair Bolsonaro e setores das Forças Armadas não deve ser encarado como uma “defesa da democracia”, mas como parte das pressões do grande capital para organizar o cenário eleitoral de 2026.

Segundo ele, a operação tem um sentido claro: obrigar Bolsonaro a retirar-se da disputa e transferir seus votos para Tarcísio de Freitas (Republicanos), o nome preferido pela burguesia.

“Tudo isso é uma grande farsa política. Não tem nada a ver com democracia, com golpe, com nada. O problema são as eleições de 2026. Toda essa confusão em torno do Bolsonaro tem esse objetivo”, afirmou.

O dirigente destacou que o obstáculo para o plano da burguesia é justamente a recusa do ex-presidente e de sua família em aceitar esse arranjo. “A questão da prisão do Bolsonaro é a seguinte: não chegaram num acordo com ele. […] Esse candidato já foi apresentado… que é o Tarcísio de Freitas”, disse.

Pimenta observou que essa resistência, embora motivada pelos interesses próprios do clã Bolsonaro, acaba enfraquecendo a direita e, ao mesmo tempo, ajudando Lula. “Vou ser bem franco com você: o pessoal do PT não percebe, mas os filhos do Bolsonaro estão ajudando o Lula. Muito. Não é pouco, não”.

Crise nas Forças Armadas

A análise também tratou das consequências das condenações de figuras militares, especialmente do general Augusto Heleno. Rui Costa Pimenta alertou que esse tipo de iniciativa provoca forte reação dentro dos quartéis e tende a reforçar tendências direitistas.

“Uma coisa é você ver o processo pela Rede Globo; outra coisa é o que o pessoal vai conversar nos quartéis. Isso aqui vai gerar uma situação extremamente negativa dentro das Forças Armadas. Vai empurrar o pessoal para a direita.”

Ele classificou como “ingenuidade total” a ideia de que condenações individuais poderiam impedir futuras ações golpistas. “Qual que é a vantagem de condenar esse general? Significa que os militares agora […] nunca mais vão dar golpe no Brasil? Essa é uma ingenuidade total”, disse.

Para o presidente do PCO, tentar resolver tensões com os militares via decisões judiciais é repetir o mesmo erro histórico da esquerda: buscar “ganhar no tapetão”. “Você imagina o burburinho nos quartéis, o pessoal falando: ‘não, isso aqui é um absurdo’”, completou.

Acordo Mercosul-União Europeia

Pimenta também criticou duramente o acordo entre Mercosul e União Europeia. Segundo ele, trata-se de um arranjo que subordina ainda mais o País ao imperialismo e favorece apenas o latifúndio exportador.

“É um acordo colonial típico das repúblicas bananeiras. Você vende banana e eles vendem computadores, carros. Isso aí é desastroso.”

O dirigente disse que o grande beneficiário é o agronegócio, interessado em vender para o mercado externo em moedas fortes. “O latifundiário chamado agronegócio quer ganhar em dólar, quer ganhar em euro. O acordo é por causa disso”, afirmou.

Enquanto isso, os trabalhadores pagam a conta: “eu não sou favorável a que o povo brasileiro pague a conta para um latifundiário vender laranja mais caro. […] O Brasil precisaria de uma política protecionista de retomada da indústria”.

Os erros do PT

Na política interna, ele criticou a tentativa do PT de se adaptar à política da extrema direita, especialmente no tema da segurança pública, o que considera um erro eleitoral e político.

“O PT tem um cacoete que é típico de todos os partidos da esquerda pequeno-burguesa, que é se adaptar à extrema direita”, criticou.

A ideia de um “Bukele de esquerda” é, segundo Pimenta, inviável: “se você é de direita, você vai votar no Lula porque ele vai reprimir a bandidagem? Não. Você vai votar no Bolsonaro, é muito mais crível”.

Para Pimenta, sem travar uma verdadeira guerra ideológica, o PT cede espaço para seus adversários.

O desespero do imperialismo

No cenário internacional, Rui Costa Pimenta avaliou que os Estados Unidos e a Europa adotam uma política cada vez mais agressiva contra Rússia e China não por força, mas por fraqueza estrutural.

“A política do imperialismo não é guiada por cautela, é guiada por desespero.”

Ele condenou a posição do governo Lula em relação à Venezuela, afirmando que a política adotada abre espaço para pressões imperialistas na região.

“Lula… pisou na bola. […] O ataque contra a Venezuela é um ataque contra o Brasil.”

Para Pimenta, a única política consequente seria a defesa intransigente da soberania venezuelana e o enfrentamento direto com o imperialismo.

Sobre a questão chinesa, foi categórico: “Taiuan é chinesa. […] No enfrentamento entre China e Japão, nós somos China. Tem que ser intransigentemente a favor da China”.

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