Na última edição do programa Análise Política da Semana, transmitido pela Causa Operária TV (COTV) no YouTube, o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, denunciou o aprofundamento do regime de exceção no Brasil, com destaque para o papel desempenhado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo ministro Alexandre de Moraes. Para ele, a Suprema Corte está à frente de uma ofensiva repressiva que, sob o pretexto de “defesa da democracia”, tem promovido perseguições políticas, eliminado direitos básicos e consolidado uma verdadeira ditadura no País.
Pimenta criticou duramente os métodos empregados pelo STF, destacando que eles são uma continuidade do que foi feito contra o PT durante o escândalo do Mensalão e a Operação Lava Jato. “A Gleisi, presidenta do PT, publicou um texto falando que a condenação do Bolsonaro é ‘um presente para o PT’, mas a companheira Gleisi deveria saber que nem todo presente é bom. Olhe o presente dos gregos aos troianos”, ironizou, apontando que a atual repressão contra bolsonaristas é a mesma que já foi usada para perseguir a esquerda.
Segundo ele, o julgamento de Bolsonaro e seus aliados é conduzido de maneira sumária, sem garantias processuais, violando princípios básicos do direito. “No Brasil, temos quatro níveis de justiça e todos deveriam ter o direito de serem julgados nesses níveis. Mas o pessoal está sendo julgado no STF porque o inquérito foi, de maneira ilegal, feito pelo STF. O STF não é tribunal de primeira instância”, explicou. Ele ressaltou que essa estrutura jurídica autoritária impede não apenas a defesa dos acusados, mas também qualquer contestação política ao tribunal. “Ninguém é obrigado a confiar que um juiz é imparcial e, nesse caso, as pessoas têm que ter a certeza de que é um juiz parcial”, afirmou.
Alexandre de Moraes: polícia, promotor e juiz
Rui Costa Pimenta foi ainda mais incisivo ao apontar o papel de Alexandre de Moraes como principal responsável por esse sistema de repressão política. “O Alexandre de Moraes não tem freio. Ele é polícia, ele é juiz, ele é promotor, ele ameaça a vítima. Se você não gostar, você apela ao STF, que é ele mesmo. É uma ditadura”, denunciou.
Para ele, o ministro do STF está à frente de um processo que busca a destruição dos adversários do regime. “No processo da Lava Jato, pelo menos o Moro tentava manter as aparências orientando o Dallagnol a fazer tudo por baixo do pano, mas aqui nem essa falsa decência existe. É tudo o Alexandre de Moraes”, comparou.
Além disso, o presidente do PCO destacou a incoerência em considerar Moraes um “defensor da democracia”, lembrando seu histórico dentro do PSDB e sua participação no governo de Michel Temer, o principal beneficiado pelo golpe contra Dilma Rousseff. “Quando ele entrou no STF, teve que ir ao diretório do PSDB pedir sua desfiliação. Isso é o primeiro de tudo. Ele foi indicado para o STF por um dos grandes nomes da ‘democracia’ brasileira: Michel Temer. Um cidadão que nos últimos 40 anos foi o único a realizar um golpe de Estado no Brasil”, ironizou.
Pimenta destacou que as arbitrariedades cometidas por Moraes se assemelham às práticas de regimes totalitários. “É uma situação tão absurda que equivale a uma comparação com os tribunais especiais da Alemanha nazista. Esses tribunais não eram de verdade. Os juízes estavam lá para condenar, não para julgar”, alertou.
O avanço do Estado policial e a perseguição ao PCO
Na mesma análise, Pimenta denunciou a perseguição ao PCO por parte do STF, da Polícia Federal e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele mencionou que o Partido enfrenta processos de cassação e outras investigações, inclusive por sua posição de denúncia ao genocídio perpetrado pelo sionismo na Faixa de Gaza. “Nosso partido enfrenta inúmeros processos por questão de Gaza, enfrenta uma tentativa de cassação do partido no STF por prestação de contas – que é um processo que passa por cima da lei”, afirmou.
Para ele, essa ofensiva faz parte de um sistema que permite ao Estado capitalista perseguir qualquer um que represente uma ameaça ao seu domínio. “Esse é um sistema que permite ao Estado capitalista perseguir livremente as pessoas que ele pretende perseguir; sejam elas quais forem”, denunciou.
Pimenta também criticou a ampliação de leis subjetivas, como a criminalização do chamado “discurso de ódio”. “O que é o crime de ódio? É um crime que não tem definição. Qualquer lei tem que ser precisa. Quando a lei começa a tratar com generalidade discurso de ódio, racismo e outras coisas genéricas… você está à mercê dos juízes”, alertou, ressaltando que esse tipo de legislação abre caminho para perseguições arbitrárias.
A crise do imperialismo e a falência da ‘democracia’ burguesa
Na análise internacional, Pimenta destacou o colapso do regime “democrático” imperialista, evidenciado pelo crescimento da extrema direita na Europa e pela crise da guerra na Ucrânia. Ele chamou a atenção para a recente declaração de Donald Trump, que, ao encontrar Vladimir Zelensqui, deixou claro que os EUA não continuarão sustentando a guerra contra a Rússia. “A guerra era, na verdade, Estados Unidos com a Europa contra a Rússia. Sem EUA, não tem guerra”, afirmou.
O dirigente destacou que a perda de apoio norte-americano desmascara a farsa de que a guerra seria uma luta da Ucrânia contra a “agressão russa”. “Muda a guarda da Casa Branca e o presidente fala que não sustentará mais esse povo, deixando o líder de lá totalmente pendurado”, comentou.
Além disso, Pimenta analisou o crescimento da extrema direita na Alemanha, onde a AfD se tornou a segunda maior força política do país. Para ele, isso demonstra que a política neoliberal dos governos imperialistas está em colapso. “Esses partidos do sistema político imperialista estão afundando completamente porque a política deles é rejeitada pela população”, afirmou.
Ele criticou o PT por se aliar a esse setor e se colocar no campo da “defesa da democracia” contra o fascismo, alertando que esse campo está ruindo. “No Brasil, o PT se colocou em termos políticos no campo da ‘democracia’ contra o fascismo. Mas esse campo tem o Biden, o Macron, que são pessoas que não têm nada de democráticas”, criticou.
A crise sionista e a vitória da resistência palestina
Outro ponto central abordado por Pimenta foi a crise do regime sionista e o impacto da resistência palestina. Ele destacou a admissão do próprio exército de “Israel” de que atirou contra sua própria população no dia 7 de outubro, acabando com a mentira contada pelos sionistas. “O Hamas, que foi caluniado e a esquerda se acovardou para não defender, não teve nada a ver com o fato. Na famosa rave, quem matou foi a aviação israelense”, denunciou.
O presidente do PCO enfatizou que a retirada parcial das tropas sionistas de Gaza e a crise dentro das forças armadas sionistas são sinais de uma vitória histórica da resistência palestina. “Se o Hamas e o restante da resistência palestina enfrentaram uma invasão de 300 mil soldados, da força aérea altamente equipada, e, mesmo assim, infligiram uma derrota ao sionismo, todo revolucionário deveria pensar. Isso mostra que o mundo está à beira de uma revolução”, concluiu.