Nesta sexta-feira (28), Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), reforçou o chamado à manifestação convocada pelo Partido em homenagem a Natália Pimenta. Dirigente histórica da organização trotskista e filha de Rui, Natália faleceu no último sábado (22), aos 40 anos, após lutar bravamente contra um câncer de mama que, nos últimos meses, se desenvolveu para uma leucemia rara.
O chamado de Pimenta foi feito durante sua entrevista semanal na TV 247. No programa, o presidente do PCO falou um pouco sobre o caso de sua filha, destacando o que já havia declarado em outras ocasiões. “Repito aqui e gostaria que as pessoas não entendessem que isso fosse um mero fruto da emoção, ela [Natália] foi, na verdade, assassinada”, afirmou.
Pimenta ainda revelou que este sábado (29), durante a Análise Política da Semana, transmitida pela Causa Operária TV (COTV) no YouTube, ele explicará em mais detalhes o caso de Natália, destacando a injustiça cometida contra ela:
“Aproximadamente dois meses antes dela morrer, tomamos ciência de que ela tinha um remédio que poderia dar resultado. Nunca conseguimos pôr a mão nesse remédio, até hoje, e não foi por acaso”, disse Pimenta.
Quando Natália já havia desenvolvido leucemia, os médicos a receitaram o Revumenib, medicamento norte-americano destinado a quadros como o dela. Devido ao preço exorbitante da medicação e ao fato de que ele não está disponível no Brasil, seja na rede pública, seja na rede particular, Natália e sua família entraram com um processo para garantir que o Estado custeasse a importação do remédio. De maneira totalmente arbitrária, o pedido foi negado na primeira instância, sendo aceito semanas depois pela segunda instância. A obtenção do Revumenib foi, então, atrasada pela burocracia do Ministério da Saúde e Natália não resistiu.
Confira, abaixo, a fala de Rui Costa Pimenta na íntegra:
“No sábado passado, não fiz a análise da semana por motivos óbvios. Na terça falei um pouco da questão da Natália e repito aqui e gostaria que as pessoas não entendessem que isso fosse um mero fruto da emoção, que ela foi, na verdade, assassinada. O que aconteceu foi muito grave. Não vou explicar aqui agora, mas vou explicar mais em detalhe. Vamos explicar isso aos poucos porque é um processo complexo.
Gostaria que o pessoal entendesse o seguinte: aproximadamente dois meses antes dela morrer, tomamos ciência de que ela tinha um remédio que poderia dar resultado. Nunca conseguimos pôr a mão nesse remédio, até hoje, e não foi por acaso. Interveio o Judiciário e também a burocracia do Ministério da Saúde.
Para que não haja confusão, queria deixar claro que houve, dentro do PT, pessoas que foram muito solidárias com a gente, que se esforçaram, correram atrás. Vou citar alguns nomes: a professora Bebel, deputada estadual de São Paulo, correu atrás, se esforçou pela liberação do remédio; o deputado federal Jilmar Tatto. Gosto de citar porque são pessoas com quem temos divergências, mas eles mostraram um sentimento de humanidade e de solidariedade, que vai além de determinado tipo de debate. O deputado federal Lindbergh Farias, a ministra Gleisi Hoffmann e a própria Presidência da República intervieram no assunto. Então queria deixar claro que, quando falamos Ministério, não é uma crítica ao PT de conjunto. Mas há uma crítica, sim, ao que se passou no Ministério da Saúde que precisa ser explicada em mais detalhe, vou procurar explicar isso amanhã.
E no domingo, faremos um ato público em memória da Natália. Seria importante que as pessoas entendessem o seguinte: o pessoal deve olhar e falar ‘esse carnaval todo é porque ela é filha do Rui Costa Pimenta’. Não é assim, é muito mais que isso. Ela era uma pessoa importante no nosso Partido e na luta política.
Então, o ato de domingo vai ser um ato político. Vai ser na Casa de Portugal, às 11h, no terceiro andar. Vai ser um ato político para lembrar a Natália como figura política — e humana também, lógico. E vai ser, também, um ato de denúncia.
Queria deixar estabelecido aqui o seguinte: não vamos deixar passar em brancas nuvens o que aconteceu. Tem muita podridão envolvida nessa história e vamos denunciar tudo, vamos fazer campanha. Essa questão dos remédios, no Brasil, é uma monstruosidade. Vamos continuar com isso. Nós, inclusive, recebemos contato de muita gente que sofre o mesmo tipo de problema. A pessoa precisa de um remédio e não recebe um remédio. Pior do que isso é deixar a pessoa morrer de fome, ou é igual.”






