Na entrevista semanal à TV247, transmitida todas as sextas-feiras às 13h, o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO) Rui Costa Pimenta, abordou dois temas centrais: a prisão do funkeiro MC Poze do Rodo e a crise política enfrentada pelo governo Lula. Para ele, os dois episódios expressam uma conjuntura marcada pelo recrudescimento do regime político e pela submissão do governo aos interesses do capital financeiro.
Sobre a prisão do músico, Pimenta foi categórico: “é a situação que estamos vivendo no Brasil. O cidadão fez uma música e está sendo perseguido”. Para ele, trata-se de um caso de censura, disfarçado de investigação criminal:
“Querem imputar a ele outros crimes, mas não há nada sólido — é um pretexto”. Segundo o dirigente, os órgãos de repressão não gostaram da letra da música porque “na opinião deles, ela seria favorável ao crime organizado. E aí ele não pode falar”.
Pimenta alertou que esse tipo de perseguição se generaliza rapidamente em regimes autoritários: “nós vamos chegar a um momento no Brasil em que não será possível dizer absolutamente nada — o que não está muito longe”. Ele também denunciou as multas judiciais impostas a críticos do regime: “vemos processos de 500 mil reais por críticas a figuras públicas. Tudo é considerado uma grande ofensa”.
Sobre a justificativa da “apologia ao crime”, usada para perseguir artistas e opositores, Pimenta rebateu: “Apologia é quando você faz um elogio, uma defesa de algo. É uma conversa, um discurso. Proibir a apologia de alguma coisa é censura”. E concluiu:
“É mais um expediente que os direitistas de plantão inventaram para impedir as pessoas de falar. Isso é muito grave, porque a história da humanidade comprova que o silenciamento das pessoas é algo reacionário, contra o progresso, contra a liberdade política, e só teve efeitos negativos.”
Na segunda parte da entrevista, Rui Costa Pimenta concentrou-se na situação do governo Lula. “O governo, a cada duas semanas, tem uma crise diferente”, disse. Entre os exemplos, citou: “nem acabou a crise da aposentadoria e empalmou agora com essa crise do IOF”.
Para ele, a raiz das crises está na política econômica adotada pela administração petista: “a política do governo Lula é equilibrar as contas — que é uma exigência dos bancos. Para equilibrar as contas, logicamente você vai ter que tirar dinheiro de algum lugar”. E completou: “o governo tirou um monte de dinheiro da população”.
Entre as medidas criticadas, Pimenta destacou o episódio das “blusinhas da China” — “uma coisa totalmente errada” — e os cortes em programas sociais, que ocorreram antes da recente alta do IOF. Ele ressaltou ainda o caso do INSS: “tem uma quadrilha no INSS. Todo mundo está atribuindo ao governo. O governo não é culpado necessariamente, mas a crise caiu no colo dele”.
Segundo Pimenta, a burguesia se revolta mesmo quando se atinge minimamente seus interesses: “eles decidiram tirar um pouquinho de dinheiro dos capitalistas, e aí os capitalistas se sublevaram”. Para ele, isso revela o caráter da política atual: “a corda arrebenta sempre do lado mais fraco. O rico não quer saber de pagar nada”.
Concluindo, afirmou: “O governo está cumprindo a política do mercado financeiro, e o mercado financeiro está se rebelando contra o governo porque eles não querem pagar nada. Eles querem que alguém pague, mas eles não querem pagar”.
Pimenta encerrou seu comentário com uma previsão sombria. “O governo Lula foi reduzido a uma situação de total impotência. Não sei o que vai acontecer com esse negócio do IOF, mas não vai ser bom para o governo — isso eu tenho certeza absoluta”.





