O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), ameaçou cortar os salários dos professores da rede municipal que aderirem à paralisação marcada para esta quarta-feira (2), em protesto por reajuste salarial e mudanças na previdência. A mobilização, aprovada pela APROFEM (Sindicato dos Professores e Funcionários Municipais), começou na última terça-feira (1º) e inclui um ato às 10h no Viaduto do Chá, em frente à prefeitura. Nunes classificou a greve como “sem razoabilidade” e de cunho político, prometendo punir os participantes por afetarem um “serviço essencial”.
A categoria exige 12,9% de reajuste, aumento do piso salarial com incorporação à carreira e o fim da contribuição previdenciária de 14%. Na segunda-feira (31), o prefeito declarou ao jornal golpista Folha de S.Paulo: “não existe razoabilidade numa atitude como essa. Esse é um serviço essencial. As pessoas que forem utilizar essa prática para fazer política partidária, nós vamos descontar”. Ele acusou os professores de “conturbar o processo pedagógico” e disse que não tolerará ações partidárias. A vice-presidente da APROFEM Margarida Prado Genofre, rebateu: “o prefeito está fazendo o papel dele de desestimular a paralisação, mas nós temos direito de nos manifestar. Vivemos em uma democracia, com o direito de paralisar, manifestar e fazer greve”.
Parlamentares do PSOL, como a deputada federal Luciene Cavalcante, o deputado estadual Carlos Giannazi e o vereador Celso Giannazi, protocolaram uma representação no Ministério Público do Trabalho e no GEDUC, acusando Nunes de assédio moral e abuso de poder. “A prática do prefeito, ao ameaçar descontar salários dos servidores grevistas, configura abuso de poder e assédio, uma vez que essa atitude contraria a legislação que garante o direito de manifestação e greve sem represálias”, afirmaram. A prefeitura não respondeu às acusações até o fechamento desta matéria.
A paralisação reflete a insatisfação com o governo Nunes, que enfrenta críticas por estagnar negociações salariais. A data-base dos professores é 1º de maio, mas a campanha começou antes, sem avanços. Segundo o DIEESE, o piso dos docentes municipais está defasado em 20% desde 2019, enquanto a inflação acumulada no período supera 25%. A ameaça de cortes não é novidade: em 2023, Nunes aplicou descontos a grevistas, gerando ações judiciais ainda em andamento.
As ameaças de Nunes são golpes anti-sindicais claros, visando intimidar os educadores e esvaziar sua luta. A resposta dos professores deve ser uma mobilização ainda mais radicalizada, com greves e atos que desafiem a repressão e mostrem a força da categoria contra os ataques da prefeitura.