A Aliança das Forças Palestinas — que reúne movimentos como o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), a Jiade Islâmica e outras forças da resistência — divulgou, nesta sábado (2), uma dura resposta ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. O documento acusa Abbas de tentar impor eleições “excludentes” ao Conselho Nacional Palestino, sob o pretexto de respeitar a “legitimidade internacional” e o programa político da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
A Aliança denunciou a proposta de Abbas de realizar eleições que excluam partidos e indivíduos que não aceitem o desarmamento da Resistência e a submissão à ocupação sionista. Segundo a declaração, isso representa uma tentativa de eliminar o pluralismo político e consolidar um projeto de Estado “desarmado” e “submisso”.
“Rejeitamos completamente qualquer tentativa de impor eleições excludentes e não consensuais”, diz o documento. “A declaração do presidente da Autoridade sobre a criação de um Estado Palestino ‘desarmado’ é uma admissão explícita da intenção de desmantelar a Resistência e suas ferramentas de defesa, servindo de presente gratuito à ocupação sionista”.
As declarações de Abbas, feitas em sintonia com a Iniciativa Árabe de Paz e a conferência internacional em Nova Iorque, foram vistas como uma traição ao povo palestino. Para os partis da Resistência, trata-se de um passo a mais na tentativa de dissolver a luta armada, em nome de um processo de paz que já fracassou.
“O armamento da Resistência na Palestina ocupada é a primeira linha de defesa de nossos direitos e de nossa existência nacional”, afirmam. Segundo a Aliança, nenhuma autoridade pode retirar do povo palestino o direito à resistência armada, garantido pelo direito internacional.
O documento também reafirma que o Conselho Nacional Palestino, instância máxima de representação do povo palestino, não pode ser controlado por uma só corrente política. A reconstrução do órgão deve se dar com base em princípios democráticos e consensuais, com a participação de todas as organizações.
A declaração termina com um chamado à mobilização popular para derrotar o que qualificam como “tentativas de liquidar a causa palestina por meio de eleições meramente formais”.
Leia a declaração na íntegra:
Declaração emitida pela liderança central da Aliança das Forças Palestinas sobre as declarações de Mahmoud Abbas a respeito das eleições para o Conselho Nacional
Na Aliança das Forças Palestinas, recebemos com espanto e repúdio as declarações feitas pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em que anunciou que as próximas eleições gerais não incluirão forças políticas ou indivíduos que não se comprometam com o programa da OLP e seus compromissos internacionais, além do chamado “único armamento legítimo”, chegando a declarar explicitamente seu desejo de estabelecer um Estado Palestino desarmado, inclusive na Faixa de Gaza — em conformidade com o que foi apresentado na conferência internacional em Nova York e na Iniciativa Árabe de Paz.
Nós, da Aliança das Forças Palestinas, afirmamos o seguinte:
Primeiro: Rejeitamos completamente qualquer tentativa de impor eleições excludentes e não consensuais, nas quais as instituições nacionais sejam usadas para consolidar o controle unilateral sobre as decisões palestinas e excluir as forças de resistência sob pretextos como “legitimidade internacional” e o “programa da OLP”, segundo os interesses da liderança da Autoridade.
Segundo: A convocação de eleições condicionadas, que excluem partes do povo palestino e exigem adesão a um programa político falido — baseado na coordenação de segurança com a ocupação e negociações inúteis — é uma tentativa flagrante de eliminar o pluralismo nacional, romper com o princípio da parceria e violar novamente os acordos de reconciliação firmados no Cairo, Argélia, Moscou e Pequim.
Terceiro: A declaração do presidente da Autoridade sobre a criação de um Estado Palestino “desarmado” é uma admissão explícita da intenção de desmantelar a resistência e suas ferramentas de defesa, servindo de presente gratuito à ocupação sionista em meio à sua agressão contínua contra Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém — consolidando a ideia de um governo autônomo sob ocupação, e não de um Estado soberano.
Quarto: O Conselho Nacional Palestino é a instância máxima de representação do nosso povo, dentro e fora da Palestina, e nenhuma entidade tem o direito de formá-lo de maneira unilateral ou restringi-lo a uma corrente política específica. Ele deve ser reconstruído com base em princípios nacionais, democráticos e consensuais, com participação de todas as facções e forças palestinas, sem exceção.
Quinto: A resistência é um direito legítimo do nosso povo, garantido por todas as leis e princípios. Nenhuma autoridade pode retirar esse direito de nosso povo, e o armamento da resistência na Palestina ocupada é a primeira linha de defesa de nossos direitos e de nossa existência nacional.
Sexto: Convocamos nosso povo, suas facções e forças vivas a enfrentarem as tentativas de liquidar a causa palestina por meio de eleições meramente formais e de rotas separatistas que querem transformar o projeto nacional em uma autoridade sem soberania nem dignidade.
Aliança das Forças Palestinas – Liderança Central
Sábado, 07 de Safar de 1447 AH – 2 de agosto de 2025





