Cultura

Repressão identitária está matando o São João

Nos últimos anos, patrimônio da cultura nordestina tem sido alvo de uma intensa campanha impulsionada por proibições e outros ataques

As festas juninas, especialmente o São João, são um pilar da cultura do Nordeste brasileiro. Envolvem práticas religiosas, musicais e comunitárias que se estendem por gerações. Nos últimos anos, contudo, este patrimônio tem sido alvo de uma intensa campanha impulsionada por proibições e ataques a elementos tradicionais. É o que denuncia o artigo A descaracterização do São João nordestino: Mercantilização, proibições e o esvaziamento das tradições culturais, assinado por Darlan Orfeu, que assinala:

“Embora seja necessário considerar questões de segurança, o que se observa é uma sanitização das práticas culturais populares, onde elementos centrais do São João são excluídos ou tornados ilegais sem políticas compensatórias, diálogo comunitário ou medidas de salvaguarda cultural. Isso reflete um processo mais amplo de controle institucional sobre os corpos e as expressões populares, que contrasta com a permissividade seletiva conferida às grandes atrações comerciais.”

A repressão a fogos de artifício, fogueiras e outras manifestações, justificada por argumentos identitários e de “segurança”, cria barreiras que desvirtuam a festividade popular e ameaçam seu fim.

O autor destaca que no estado da Paraíba, várias cidades, incluindo a capital João Pessoa, impuseram restrições rigorosas ao uso de fogos de artifício e à montagem de fogueiras durante o período junino. A alegação são riscos à saúde de crianças, idosos e pessoas com espectro autista.

No Piauí, especialmente em Teresina e em cidades do interior, medidas semelhantes foram implementadas com base em argumentos sanitários e ambientais. Estados como Pernambuco e Alagoas também adotaram restrições, muitas vezes por meio de decretos municipais que proíbem fogueiras em áreas urbanas e limitam o uso de fogos a artefatos “silenciosos”. Isso altera profundamente a sonoridade e o significado das celebrações.

A guerra de espadas, por exemplo, tradicionalmente praticada em cidades como Senhor do Bonfim, na Bahia, agora é combatida em muitas localidades do interior baiano. Seus praticantes são perseguidos judicialmente. O mesmo acontece com fogueiras e fogos, frequentemente limitados por leis estaduais e municipais durante o período junino.

“Preservar o São João é resistir a essa homogeneização cultural. É afirmar o valor das expressões enraizadas no território, promover a escuta dos mestres da tradição e construir políticas públicas que respeitem a pluralidade e a força do patrimônio imaterial nordestino. Mais do que uma festa, o São João é uma memória viva e, como tal, precisa ser cuidada, transmitida e vivenciada”, defende o autor.

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