PEC das Prerrogativas

Renascimento da esquerda ou dos coxinhatos?

O que se viu, e o artigo tenta mascarar, é a completa falência da política da frente ampla

Na última terça-feira (23), os autores Simão Pedro (PT-SP) e Thiago Duarte Gonçalves publicaram no Brasil 247 o artigo Do grito à organização: a esquerda volta a pulsar nas ruas do Brasil. O texto não passa de uma grande fantasia política, que tenta apresentar como um marco histórico aquilo que não foi mais do que um espetáculo controlado pela burguesia.

Logo na abertura, eles proclamam: “As esquerdas do Brasil voltaram a pulsar neste domingo nas ruas de todo o país”. Nada mais falso. O que se viu foram manifestações convocadas e impulsionadas pelos mesmos setores que articularam o golpe de 2016 — a imprensa burguesa, os artistas da Globo, as ONGs financiadas pelo imperialismo. Não se tratou de mobilização independente da classe trabalhadora, mas de um showmício embalado por palavras de ordem cuidadosamente delimitadas para não tocar nos verdadeiros problemas do povo.

Os autores destacam ainda que “a convocação não partiu apenas dos movimentos sociais e sindicais, mas ganhou protagonismo de artistas de todas as regiões”. É exatamente aí que está a prova do caráter artificial desses atos. Não foi a organização da base operária que levou pessoas às ruas, mas sim a máquina publicitária da burguesia, que mobilizou sua tropa de choque cultural para produzir imagens para os telejornais, não para levantar qualquer luta real.

Outra mentira grosseira é afirmar que “foi uníssono o grito por isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil”. Primeiro, porque tal reivindicação não esteve presente nos atos. Segundo, porque mesmo reivindicações extremamente populares como essa jamais são exploradas pela imprensa capitalista, que optaria silenciar sobre o tema. E quando se fala em “taxação dos super-ricos” ou no fim da jornada de 6×1, trata-se de pura demagogia: projetos cheios de armadilhas, criados para nunca sair do papel ou, pior, para serem aplicados contra os trabalhadores.

Na ânsia de vender um “renascimento da esquerda”, os autores afirmam que “este domingo foi um sopro de vitalidade para a esquerda”.

Mais uma falácia. A esquerda, desde o golpe de 2016, tem se acovardado diante dos ataques do regime e hoje atua como linha auxiliar da operação judicial comandada por Alexandre de Moraes. Falar em “vitalidade” quando se defende uma política ditada pelo STF — o mesmo que prendeu petistas, cassou direitos e tutelou o parlamento — é subestimar a memória do povo.

O texto chega ao cúmulo de exaltar o plebiscito popular, dizendo que “tem papel importante, porque extrapola o protesto e dialoga com milhões”. Mas qual diálogo? Não há mobilização real, nem bandeiras amplas e populares. Não se fala em aumento do salário mínimo, nem na revogação das reformas trabalhista e previdenciária, nem em moradia, terra, revogação do teto de gastos e da autonomia do Banco Central. O plebiscito é um simulacro burocrático, sem qualquer força para enfrentar a burguesia.

Por fim, os autores concluem em tom épico: “o domingo provou que existe fogo de resistência no coração do povo. Cabe à esquerda cultivar essa chama”. Na realidade, não há chama alguma — apenas a tentativa de manter a militância presa a ilusões institucionais, como se a luta fosse fortalecer artistas da Rede Globo ou esperar pacientemente que o STF “autorize” pequenas concessões.

O que se viu, e o artigo tenta mascarar, é a completa falência da política da frente ampla. Uma esquerda que se limita a repetir a discurso da burguesia, que aplaude a censura judicial e que transforma protestos em shows patrocinados, não está organizando o povo — está semeando ilusões. E quando a repressão voltar-se contra os trabalhadores, como já ocorreu em 2016, estarão desarmados e desorganizados.

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