No dia 7 de outubro de 2023, quando começavam a chegar ao mundo as imagens espetaculares do ataque dos militantes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) às forças de ocupação do Estado de “Israel”, o comandante-chefe das Brigadas do Mártir Izz El-Din Al-Qassam, braço armado do Hamas, Mohammed Deif, anunciou a Operação Dilúvio de Al-Aqsa, em um discurso histórico.
Deif não aparece publicamente e, raramente, teve sua voz gravada, mas entre os palestinos sua popularidade é sem igual. Há apenas duas fotos suas disponíveis publicamente, sendo a mais recente delas do ano 2000. O comandante-chefe é tido como um fantasma e as descrições de seus feitos, de sua insistente sobrevivência contra a perseguição israelense, deram-no um caráter mitológico. Após ataque contra o “convidado” em 2014, em bombardeio que acabou por vitimar sua esposa e seu filho mais novo, as autoridades do Hamas simplesmente declararam que Deif “ainda estava vivo e liderando a operação militar”.
A partir de 2002, Deif tornou-se de fato o líder das brigadas e transformou-as, de um grupo difuso de organizações amadoras e semi-independentes, num verdadeiro exército bem organizado. O resultado de sua ação é visível nas ofensivas de 2014, 2021 e agora, em 2025, que colocou “Israel” de joelhos.
Leia na íntegra o discurso de Deif anunciando a Operação Dilúvio de Al-Aqsa:
Eles atacaram os fiéis em oração e profanaram Al-Aqsa, apesar de já termos os alertado. O inimigo profanou Al-Aqsa e ousou ofender o caminho do Profeta.
Centenas foram martirizados e feridos este ano devido aos crimes da ocupação. Nossos apelos por uma troca humanitária foram rejeitados, e as violações diárias continuam na Cisjordânia.
Decidimos pôr fim a todos os crimes da ocupação. O tempo em que eles agiam sem responsabilização acabou. Anunciamos a operação Dilúvio de Al-Aqsa e, no primeiro ataque, em 20 minutos, mais de 5.000 foguetes foram lançados.
A partir de hoje, a coordenação de segurança termina. Hoje, o povo retoma sua revolução, corrige seu caminho e volta à marcha do retorno.
Ó, nosso povo em Al-Quds, expulsem os ocupantes e derrubem os muros. Ó, nosso povo no interior, em Al-Naqab, Al-Jalil e no Triângulo [Jenin, Nablus, Tulkarem], transformem a terra em chamas sob os pés dos ocupantes.
Ó, nossos irmãos da resistência islâmica no Líbano, Iraque, Síria e Iêmen, hoje é o dia em que a sua resistência se une à resistência dos seus irmãos na Palestina. É hora de a resistência árabe se unir.
Conclamamos à mobilização em direção à Palestina. Ó, nossos irmãos em Argélia, Marrocos, Jordânia, Egito e nos demais países árabes, tomem ação e atendam ao chamado.
A era das apostas terminou, e a ocupação deve ser expulsa.
Ó, nosso povo em todos os países árabes e islâmicos, comecem a marchar, não amanhã, mas hoje, e rompam as fronteiras e barreiras.
Este é o dia da grande imagem para acabar com a ocupação.
Hoje, quem tem uma arma, que a empunhe; chegou a hora. Todos devem sair com seus caminhões, carros ou ferramentas. Hoje, a história abre suas páginas mais puras e honrosas.