O ano de 2024 entrou para a história como um dos mais violentos no que diz respeito à atuação das polícias militares no Brasil. Com “violento”, por sua vez, afirma-se que a polícia matou mais jovens, mais negros e mais trabalhadores, sendo esse seu objetivo desde sua fundação.
As periferias de estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia foram os que mais sofreram nas mãos dos fascistas de farda, sendo palco para operações de guerra do Estado contra os trabalhadores, que vitimaram centenas de pessoas, atingindo criminosamente a população negra e pobre das favelas e periferias.
O caso mais emblemático do ano foi a Operação Verão, realizada na Baixada Santista, em São Paulo, que escancarou a brutalidade de uma política de segurança pública voltada para o extermínio. Além disso, inúmeros outros casos, como o massacre em Salvador e chacinas em favelas cariocas, reforçam o quão trágico foi este ano para tantas famílias brasileiras.
O principal marco da violência policial em 2024 foi a Operação Verão, conduzida pela Polícia Militar na Baixada Santista. A ação, que foi vendida pelos fascistas do Estado de São Paulo, como o governador Tarcísio (REPUBLICANOS-SP), como responsável por trazer segurança aos moradores durante a alta temporada de turismo, não passava de um massacre em massa.
Sob o pretexto de “combate ao tráfico de drogas”, o que se viu foi uma incursão violenta de agentes da PM, que realizaram execuções sumárias, invadiram casas sem mandados e aterrorizaram comunidades inteiras. Os relatórios mais pró-polícia mostram que pelo menos 43 pessoas foram mortas em um só final de semana, sendo a maioria jovens negros que sequer tinham envolvimento com o tráfico.
Vídeos divulgados por moradores revelaram cenas brutais de policiais arrastando corpos em vielas e disparando contra pessoas desarmadas. A tragédia gerou revolta nacional, mas, como de costume, a resposta oficial foi pautada pela impunidade, afinal, a polícia exterminar trabalhadores é a prova de que ela está agindo corretamente conforme seus objetivos.
Outro estado que sofreu com massacres policiais foi a Bahia. Em Salvador e em cidades do interior, operações ostensivas da PM resultaram na morte de dezenas de moradores de bairros pobres. As ações também foram marcadas pelo “uso excessivo da força”, como a imprensa burguesa chama de “matar indiscriminadamente”, invasões de domicílios e execução de suspeitos sem processo legal e sem provas.
Uma das chacinas mais mortais ocorreu em fevereiro, no bairro de São Cristóvão, onde 17 pessoas foram mortas em uma operação que supostamente buscava neutralizar uma quadrilha local, mas não só não buscou nenhuma quadrilha, como matou trabalhadores e jovens sem envolvimento com crimes. Todos os locais e testemunhas afirmaram que a maioria dos mortos não tinha antecedentes criminais, mas a imprensa oficial do fascismo de Estado tentou classificá-los como “bandidos”.
No Rio de Janeiro, a polícia militar manteve sua trágica frequência de operações brutais nas favelas, com número recorde de mortes em 2024. A política de confronto direto entre os policiais e os também policiais, mas chamados de milicianos, resultou em diversas chacinas, sendo uma das mais impactantes a que ocorreu na favela do Jacarezinho, em março. Nesta operação, ao menos 28 pessoas foram mortas sumariamente, incluindo moradores inocentes que ficaram presos no fogo cruzado ou que tiveram a infelicidade de sair de casa e se depararem com demônios de farda. A justificativa foi novamente o combate ao tráfico, mas a maioria das vítimas que foram alvejadas, novamente, não possuía relação com o tráfico ou o crime, organizado ou não, e as poucas que possuíam não tiveram chance de rendição.
Embora as chacinas de grande escala sejam os episódios mais lembrados, a rotina de violência policial incluiu outros casos individuais e operações menores, mas igualmente brutais. Entre eles, os que mais chocaram por terem sido noticiados pela imprensa burguesa foram o arremesso de um jovem de uma ponte em São Paulo, em dezembro, cujo vídeo do policial jogando a vítima viralizou, a morte de Gabriel Renan em um mercado na zona sul de São Paulo, com o jovem negro tendo sido executado com 11 tiros após uma abordagem policial, e a execução de Ryan Andrade, de 4 anos, em Santos. A criança foi atingida por uma bala de um policial durante um confronto em área residencial entre policiais e criminosos, com os policiais entrando nas casas e atirando em trabalhadores.
O aumento no número de chacinas e casos de violência policial não acontece por acaso. Ele é resultado de uma política de segurança pública que prioriza o policial, feito para matar trabalhadores e defender as instituições burguesas, e criminaliza a pobreza. Muitas das operações são respaldadas por discursos políticos que legitimam práticas brutais das forças de segurança, sendo o verdadeiro fascismo, enquanto investigações verdadeiras e a defesa da segurança do trabalhador são negligenciadas. Aos sobreviventes da polícia e às famílias das vítimas, resta o luto e a busca por uma justiça que sabem que, no capitalismo, não só tarda, como não virá. Assim como foi um ano de chacinas em 2024, foi em 2023 e será novamente em 2025.