A repressão do Estado britânico contra os movimentos de solidariedade à Palestina atingiu um novo patamar nesta semana, com a prisão de centenas de ativistas em Londres — 466 pessoas até as 21h de sábado no horário de Londres, 9 de agosto de 2025, segundo a Polícia Metropolitana. Os manifestantes, vinculados ao grupo Palestine Action, foram enquadrados sob a Lei de Terrorismo de 2000 (Terrorism Act 2000), uma legislação draconiana que criminaliza qualquer resistência à política imperialista do Reino Unido.
As detenções ocorreram durante um grande protesto que bloqueou ruas e interrompeu o tráfego em frente ao Ministério da Defesa, em um ato de denúncia contra a cumplicidade do governo britânico no genocídio em Gaza. A manifestação, realizada na Parliament Square, em Westminster, reuniu centenas de pessoas, incluindo famílias com crianças, médicos, professores, detidos sem nenhum escrúpulo. Até mesmo um homem cego e com deficiência foi detido.
O Palestine Action foi proscrito pelo governo britânico em 5 de julho de 2025, sendo classificado como “organização terrorista”, decisão condenada por organizações de direitos humanos e pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR). Desde então, qualquer apoio ou filiação ao grupo é passível de até 14 anos de prisão. Um porta-voz da Polícia Metropolitana afirmou que “qualquer pessoa que fosse à Parliament Square hoje para segurar um cartaz expressando apoio à Palestine Action seria presa ou estaria em processo de prisão”.
“Levará tempo, mas prenderemos qualquer um que expresse apoio à Palestine Action”, disse a força policial em uma postagem anterior no X.
O grupo é conhecido por ações de “desobediência civil” contra empresas e instituições que lucram com a ocupação sionista, como as ocupações de fábricas de armamentos e alimentos de origem israelense ou que apoiam abertamente “Israel”. A maior parte das ações envolvem jogar tinta vermelha ou fazer pichações com spray vermelho em empresas e até mesmo no Ministério da Defesa.
A ação considerada como gota d’água para enquadrar o grupo no Terrorism Act 2000 foi quando militantes invadiram a maior base aérea britânica, a RAF Brize Norton, e jogaram tinta vermelha nas turbinas de dois aviões de reabastecimento de combustível, o que seria um protesto contra o apoio militar do Reino Unido à “Israel”.
O protesto deste sábado foi mais um capítulo na escalada de confrontos entre o movimento pró-Palestina e o aparato repressivo britânico. Centenas tomaram as ruas exigindo o fim do apoio militar e diplomático de Londres a ‘Israel’. A polícia reagiu com violência, utilizando cassetetes, spray de pimenta e táticas de intimidação para dispersar a multidão. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram agentes arrastando manifestantes para viaturas, enquanto outros são algemados no chão.
Segundo o grupo Defend Our Juries, entre 600 e 700 pessoas participaram do ato, número contestado pela polícia, que alega que uma parte dessas pessoas eram jornalistas e transeuntes. Houve ainda oito prisões por outras acusações, incluindo cinco por agressões a policiais — embora nenhum oficial tenha ficado gravemente ferido, segundo a própria corporação.
A justificativa oficial foi a de que os ativistas “perturbaram a ordem pública” e “incitaram à desobediência”, mas a realidade é que o Estado não tolera qualquer questionamento à sua aliança com o sionismo. As consequências dessas prisões são graves: além da criminalização do movimento pró-Palestina, o governo britânico envia uma mensagem clara de que qualquer oposição à sua política externa será tratada como “terrorismo”.
Essa escalada repressiva é parte da política histórica do imperialista de recorrer à legislação antiterrorista para silenciar críticos. Agora, com a resistência palestina ganhando apoio global, a repressão se intensifica.
A luta dos manifestantes, mesmo que possamos discordar das posições políticas, é legítima e expressa a radicalização da luta na Inglaterra, o enfrentamento com o Estado e o regime imperialista. O Reino Unido, assim como os EUA e a União Europeia, é cúmplice do massacre em Gaza, fornecendo armas, dinheiro e cobertura política para o regime sionista.
A radicalização da luta na Inglaterra não é um acidente, mas uma resposta inevitável à escalada repressiva. Enquanto o imperialismo continuar sua guerra contra os povos oprimidos, a resistência só crescerá, tome ela a forma que for.





