Não há dúvida de que a iniciativa de vários países em reconhecer o Estado palestino — inclusive países imperialistas e aliados de “Israel” — representa uma vitória da luta da resistência palestina, em particular do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas). Sem essa luta, nada disso estaria acontecendo.
A esquerda pode ser dividida em dois grupos: aquele que considera que a luta dos povos e trabalhadores é o que muda a história, e aquele que acredita que, por meio de manobras políticas e alianças suspeitas, seria possível transformar a realidade. O caso palestino mostra que é uma luta concreta que está alterando a história mundial.
No entanto, é necessário alertar sobre a forma como está sendo proposta a iniciativa de reconhecimento do Estado palestino. Na realidade, trata-se de uma ação do imperialismo, que busca se antecipar ao desastre consumado pela política do sionismo e do próprio imperialismo. O principal articulador dessa movimentação é Emmanuel Macron, que iniciou o processo ao anunciar que reconheceria o Estado palestino. Foi ele quem convocou uma reunião em Nova Iorque e, junto com a Arábia Saudita, elaborou um documento cujo objetivo central é desarmar o Hamas.
O reconhecimento do Estado palestino, por si só, é algo positivo. No entanto, a exigência de que esse futuro Estado funcione nos moldes determinados pelas potências que promovem o reconhecimento é absurda. Trata-se de uma postura típica de países imperialistas: “reconhece-se” a soberania, mas impondo condições.
O documento apresentado nessa reunião, inclusive aceito pelo Brasil, não oferece qualquer garantia aos palestinos. Pelo contrário, prevê o desarmamento do Hamas e da resistência, além de propor a exclusão da vida política palestina de todos aqueles que não aceitem a existência do Estado de “Israel”. Ou seja, para participar da vida política em seu próprio país, o povo palestino teria de se submeter ao posicionamento do sionismo e do imperialismo.
Ainda assim, não resta dúvida de que essa iniciativa decorre do fracasso da política de destruir o Hamas pela força e de massacrar os palestinos. Viva a resistência palestina!





