Durante a sessão solene realizada nesta quarta-feira (2) na Câmara dos Deputados em memória aos 77 anos da Nakba, o rabino israelense Yisroel Dovid Weiss, representante da organização Neturei Karta, fez uma intervenção incisiva contra o regime sionista e o uso da fé judaica para justificar o genocídio em Gaza. Em nome de judeus religiosos de todo o mundo, Weiss repudiou a ocupação da Palestina e defendeu o fim do Estado de “Israel”.
“Estamos horrorizados, envergonhados e profundamente entristecidos pela opressão, tortura e genocídio horrendos que estão sendo perpetrados em Gaza neste exato momento, bem como pelos ataques a outras nações, como Líbano, Síria, Iêmen e Irã, tudo cometido em nome da religião judaica e do povo judeu”, declarou.
O rabino destacou que, desde o surgimento do sionismo no final do século XIX, líderes e comunidades judaicas fiéis à Torá se opuseram à criação de um Estado judeu. “De acordo com os fundamentos básicos da fé judaica, os judeus são proibidos de criar sua própria soberania. O Todo-Poderoso os colocou em exílio com a destruição do Templo Sagrado há 2000 anos”, explicou.
Para Weiss, o Estado de “Israel” representa uma violação do judaísmo e da vontade divina, além de ter sido fundado por meio da ocupação, do roubo e do assassinato: “É absolutamente proibido criar uma soberania através de ocupação, roubo e assassinato. Os judeus devem ser cidadãos leais e vizinhos pacíficos em qualquer país onde residam”.
Em sua fala, o rabino lembrou que os judeus viveram por séculos em paz nos países árabes e muçulmanos, incluindo a Palestina, e afirmou que o sionismo é o verdadeiro causador do ódio contra os judeus: “A ocupação sionista da Palestina é a causa principal do derramamento de sangue trágico e contínuo que ocorre há mais de 100 anos, tanto de árabes quanto de judeus”.
Weiss rejeitou a equiparação entre judaísmo e sionismo: “ser contra o Estado sionista de Israel não é ser contra os judeus, nem ser antissemita. Na verdade, o Estado de Israel é a personificação e a definição mais clara do antissemitismo”.
O rabino fez um apelo direto aos líderes mundiais para que tomem medidas urgentes:
“A Palestina deve ser devolvida ao povo palestino e o movimento sionista deve terminar. Os líderes mundiais devem agir agora imediatamente para acabar com o genocídio em Gaza e ajudar a pôr fim à ocupação por completo”.
Encerrando sua fala com uma oração pela paz, Weiss pediu que o conflito termine sem mais sofrimento: “que isso ocorra em breve e de forma pacífica, sem mais sofrimento para ninguém. Quando isso acontecer, poderemos ver restaurada a paz e a tranquilidade que existiam na Palestina antes do surgimento do sionismo”.
Weiss finalizou seu discurso com um apelo:
“Por favor, nunca se refiram ao Estado de ‘Israel’ como Estado judeu. Isso apenas serve para fortalecer e legitimar o Estado de Israel e suas acusações de antissemitismo. Refiram-se a ele como Estado sionista, e às pessoas que o apoiam como sionistas, não como judeus”.
“Judaísmo, sim, sionismo, não. O Estado de Israel tem que acabar. Gaza livre, Palestina livre”.
