Nessa semana, teve início o 21º Acampamento Terra Livre (ATL), que começou nessa segunda-feira (7) e vai até a próxima sexta-feira (11). Segundo os organizadores, estão reunidos seis mil índios de todo o país.
O ATL ocorre em um momento de ofensiva contra os povos indígenas, no qual os ataques contra as demarcações estão a todo vapor com a proposta de “conciliação” do Supremo Tribunal Federal (STF) acerca do Marco Temporal e a paralisia do governo Lula, que permitem um grande avanço dos latifundiários e grileiros de terra contra os índios. Chama especialmente a atenção a violência e a perseguição promovida pelo Estado nos casos contra os Pataxó na Bahia, contra os Avá-Guarani no Oeste do Paraná e contra os Guarani-Caiouá no Mato Grosso do Sul.
No entanto, em vez de um ATL combativo e de luta, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), ligadas às Organizações Não Governamentais (ONGs) e à chamada “Bancada do Cocar”, ligada a parlamentares do PSOL também às mesmas ONGs, estão querendo transformar esta enorme mobilização em uma “festa” e canalizar toda a revolta dos índios para questões burocráticas e institucionais, para fazer propaganda eleitoral de parlamentares que não contribuem em nada para a luta.
Em vez de impulsionar a luta pelos direitos dos índios, como a demarcação ou as autodemarcações, que ocorrem quando o Estado se recusa a demarcar, e questões de melhoria da vida do índio, como acesso a água, moradia, crédito para agricultura ou industrialização de seus produtos, educação, saúde e muitas outras questões de necessidade imediata, esses organizadores apresentam questões que passam longe das reivindicações dos índios ou são tão gerais que não explicam nada, como, por exemplo, palavras de ordem como o “bem-viver”, “o futuro é ancestral”, “corpo território em pé”, “aldear a política” etc. O pior de tudo é que sua principal bandeira é contra a exploração do petróleo, com palavras de ordem como “sem clima para o petróleo”, “Brasil livre de petróleo” etc.
ONGs e governos internacionais querem transformar a luta dos índios em luta contra o desenvolvimento nacional
As ONGs internacionais e organizações supostamente “indígenas”, mas que são formadas apenas por meia dúzia de índios que não têm relação nenhuma com a base das aldeias e retomadas, estão dentro do ATL fazendo cartazes e tentando impor questões que não têm nada a ver com as reivindicações reais dos índios.
As palavras de ordem são contra a exploração do petróleo, seja no mar ou na área da Amazônia, contra a exploração mineral artesanal, como aquela realizada por garimpeiros formados pelos próprios índios ou pela população local, contra hidrelétricas, termelétricas, rodovias, hidrovias e a transformação das terras dos índios em áreas de preservação da natureza.
Essas reivindicações impedem a exploração econômica das terras dos índios mesmo quando estes querem a exploração econômica para melhorar suas condições de vida. As ONGs fazem demagogia sobre a tutela dos índios pelo Estado, mas não querem que os índios explorem economicamente suas terras.
Não é por acaso que as demarcações de terras somente avançam na região norte do país, mas, mesmo assim, os índios sofrem com a falta de recursos até mesmo para comprar medicamentos para combater problemas simples de resolver, como um vermífugo, pois dependem completamente da “boa vontade” do Estado burguês.
Uma tentativa de barrar a participação do PCO e do Coletivo Terra Vermelha
O Coletivo Terra Vermelha, formado por índios ligados ao PCO e simpatizantes, está participando e relatando o estrangulamento da luta dos índios. O estrangulamento começou com as caravanas dos estados onde integrantes do Coletivo Terra Vermelha foram impedidos de participarem. Eles foram avisados somente minutos antes de embarcar, inviabilizando sua participação.
Isso ocorreu em Dourados e Amambai e há relatos para que os caciques mais combativos não participassem e fossem enviado “jovens” mais ligados a questões culturais, claramente para transformar um evento de luta para uma celebração que não prejudique a imagens de parlamentares e burocratas ligados aos índios que se beneficiam da luta, mas não contribuem com as retomadas e as demarcações.
O Coletivo Terra Vermelha está intervindo no ATL afirmando que não há o que comemorar ou festejar, mas sim com materiais de campanha para unificar e organizar a luta dos povos indígenas com retomadas em todo país.
É preciso unificar a luta em torno das retomadas e pautas de melhorias básicas para os índios
As reivindicações apresentadas também não têm nada de benefício para os índios e sim apenas de agrado aos interesses dos EUA e da Europa para estagnar economicamente o Brasil.
É preciso expulsar as ONGs internacionais, que recebem financiamento de embaixadas de países europeus e dos Estados Unidos, que manipulam o movimento, financiando índios que não representam em nada os interesses do conjunto da comunidade e buscam apenas interesses individuais em detrimento da população brasileira.
O ATL precisa organizar nacionalmente a luta pela terra com base na autodemarcação, e apresentar reivindicações concretas de acesso a água e infraestrutura básica nas aldeias e retomadas, como saúde e educação, financiamento agrícola e de agroindústria, e até mesmo mineração para as terras indígenas, e outras questões para o desenvolvimento das terras dos índios e melhora de vida para todos os índios no Brasil. Esse é o verdadeiro “bem-viver” do índio, e não o “bem-viver” de professores universitários, ONGs e parlamentares que usam o movimento para ganhar dinheiro e alavancar suas carreiras.
É preciso explorar as riquezas naturais do Brasil e que essa riqueza sirva para melhorar a vida material do índio brasileiro e de toda a população.