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Querem deixar a juventude surda, cega e muda

Quanto mais os jovens utilizam o celular, mais se informam sobre os crimes praticados pela direita mundo afora - especialmente nas escolas

No dia 10 de fevereiro, o jornal golpista O Globo publicou o artigo Estudantes precisam de menos tela e mais aula, assinado por um tal Irapuã Santana, que se apresenta como “doutor em Direito”. Curiosamente, o texto é uma pregação moral – na qual o Direito é completamente deixado de lado – acerca do uso do telefone celular na sala de aula.

Santana apresenta, como primeiro argumento favorável à lei que proíbe o uso de celulares por crianças e adolescentes, a ideia de que os aparelhos estariam atrapalhando o desempenho escolar:

“O dado mais relevante de toda a mudança apareceu na comparação do desempenho escolar de matemática dos alunos do 9° ano. As provas realizadas nas escolas que proibiram totalmente o celular tiveram notas 53% maiores que as aplicadas nos colégios onde houve problemas para implementar a medida. O bullying também caiu vertiginosamente.”

O dado, em si, não quer dizer nada. Afinal, que escolas foram comparadas? Como saber se o que determinou de fato a mudança nas notas foi o uso – ou a ausência do uso – do celular? Em um país onde as pesquisas são manipuladas a todo instante para atender a interesses políticos determinados, a simples constatação de que os alunos de uma escola obtiveram notas melhores que a de outra não significa absolutamente nada.

O que já é estabelecido como fato, contudo, é que o desempenho escolar muda muito a depender das condições da escola em que o aluno está. Se há professores suficientes de todas as disciplinas, o desempenho será melhor do que se metade das aulas são vagas por falta de professor. Se a sala de aula tem 20 alunos, o desempenho será melhor do que se tiver 70. Se a sala tiver ar-condicionado, será melhor do que a sala for um forno. E assim por diante.

O mais provável é que esses fatores é que tenham determinado uma diferença nas notas de uma escola e outra. Independentemente disso, chama a atenção que os grandes pedagogos nos quais Irapuã Santana se inspira acreditem que o desempenho escolar virá da falta de celulares, e não das condições materiais das instituições de ensino. Também chama a atenção que os grandes pedagogos sejam incapazes de entender que a tecnologia vem justamente para ajudar o homem a superar as dificuldades impostas pela desigualdade social. O acesso ao celular, em vez de ser um problema para as crianças e adolescentes, pode servir para suprir a falta de livros didáticos das escolas mais pobres.

Suponhamos, no entanto, que o doutor em Direito esteja certo. O telefone celular apenas atrapalha a concentração dos alunos. Fica, então, a pergunta: qual seria a forma democrática de lidar com esse problema?

Considerando que a escola seja um ambiente para educar os jovens, e não reprimi-los, o normal seria estimular o abandono do celular por meio de uma política positiva. O normal seria fazer uma campanha, utilizar as aulas para explicar os supostos malefícios do uso do celular etc. Mas não a repressão.

O uso de medidas repressivas, neste caso, apenas reforça que o problema não é o celular. Pelo contrário, a repressão ao uso do celular tenta camuflar o real motivo do mau desempenho escolar: as condições desumanas às quais os alunos são submetidos nas escolas, bem como o modelo educacional extremamente burocrático e autoritário.

A isso, se soma mais um problema. A grande defensora da proibição de celulares é a direita brasileira. Isto é, a rede Globo, o Congresso Nacional e tudo o que há de mais reacionário no Brasil. Não é à toa: o uso do celular nas escolas está diretamente ligado com a politização da juventude. Quanto mais os jovens utilizam o celular, mais se informam sobre os crimes praticados pela direita mundo afora – especialmente nas escolas, onde há uma convivência intensa com outros jovens.

A repressão ao uso do celular é, portanto, parte de uma campanha generalizada que visa a supressão de toda a atividade política por parte da juventude. É uma medida profundamente reacionária e deve ser denunciada como tal.

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