Ainda antes de ser eleito, durante a campanha presidencial à Casa Branca, o agora presidente norte-americano, o republicano Donald Trump já sinalizava que iria “endurecer o jogo” contra o que ele caracterizou como “inimigos dos Estados Unidos”, aqueles que, segundo Trump, representam uma “ameaça à nação e seus valores”.
Logo em seu primeiro dia de mandato, o reacionário e direitista novo presidente baixou um conjunto de “ordens executivas” versando sobre os mais diversos assuntos. Dentre essas, está a deportação de milhares de estrangeiros considerados “ilegais”, chegando ao extremo de, uma das medidas assinadas, não reconhecer a cidadania aos filhos de imigrantes ilegais nascidos em território norte-americano
Todavia, o ataque às comunidades estrangeiras estabelecidas nos Estados Unidos não se restringe aos “ilegais”, indo muito além. Uma das normas baixadas por Trump permite a deportação de estudantes estrangeiros que manifestem apoio a organizações classificadas como grupos terroristas pelo governo americano, como o Hamas.
“Os Estados Unidos devem garantir que os estrangeiros admitidos ou que já residam no país não tenham atitudes hostis em relação à nossa cultura, nossas instituições e nossos princípios fundadores” (MSN, 23/901). Desde que o conflito eclodiu em 7 de outubro de 2023, vários estudantes norte-americanos e estrangeiros organizaram protestos em universidades, manifestando de forma clara e contundente apoio ao Hamas e outros grupos da Resistência Palestina.
Importantes instituições de ensino superior dos EUA foram tomadas por enormes mobilizações, por vários dias, até a chegada da polícia para reprimir brutalmente os manifestantes e desmontar os acampamentos erguidos na entrada das universidades. Não pode deixar de ser dito que essa ação repressiva ocorreu durante o governo do democrata Joe Biden, derrotado por Donald Trump nas eleições de novembro passado.
A pergunta que fica é: os estudantes estrangeiros representam, de fato, alguma ameaça à segurança do Estado norte-americano, o mais bem armado e um dos mais repressivos do mundo? Ora, a ameaça maior que o mundo enfrenta nesse momento não provém de estudantes estrangeiros simpatizantes e/ou apoiadores da luta do povo palestino, mas justamente daqueles que estão financiando o terror e o genocídio contra esses mesmos povos. Os EUA são o principal financiador do massacre contra os povos da região, fomentando também guerras, conflitos e golpes ao redor do mundo.
A medida baixada por Trump representa uma ameaça não somente a todos os estrangeiros (legais e ilegais) dos EUA, mas um ataque frontal aos que se mobilizam e lutam em defesa dos povos oprimidos, em especial o heroico povo palestino.