O ano de 2025 inicia com um cenário extremamente preocupante para a América Latina, marcado pela intensificação de uma nova ofensiva neoliberal. Em meio à maior crise do capitalismo nas últimas décadas, o imperialismo parece ter encontrado em Javier Milei, presidente da Argentina, um modelo para a imposição de uma nova era de ditaduras econômicas e políticas na região.
A América Latina já enfrentou uma primeira onda neoliberal nas décadas de 1970 e 1980, que teve como laboratório inicial a ditadura de Augusto Pinochet no Chile. O objetivo era claro: destruir as conquistas dos trabalhadores, desmantelar as empresas estatais e desindustrializar as economias para consolidar o controle dos bancos e do capital financeiro. Agora, em uma crise do capitalismo ainda mais profunda, o imperialismo relança essa ofensiva.
Totalmente alinhado aos interesses dos bancos e do imperialismo, Milei não apenas adota o programa econômico neoliberal de maneira extremada, mas também se posiciona como um aspirante a ditador fascista. Ao mesmo tempo em que foi responsável por fazer despencar as vendas em farmácias pela metade, tamanha a destruição do poder de compra dos argentinos, Milei já colocou o país sob intervenção militar e tem tentado estabelecer um clima de perseguição total à esquerda.
A ascensão de Milei, por sua vez, foi facilitada pela falência política da esquerda argentina, incapaz de organizar uma resistência significativa. O kirchnerismo, que liderou a esquerda durante anos, revelou-se incapaz de resistir à nova investida neoliberal. Setores menores também ingressaram na mesma política, ora fazendo uma frente única com o imperialismo contra o kirchnerismo, ora fazendo uma frente única com os setores mais reacionários do regime contra a mobilização popular.
Não faltam artigos e analistas para dizer que Milei é “louco” e “excêntrico”. Mas o mais importante é que, para o Fundo Monetário Internacional (FMI), isto é, para o imperialismo, Milei é um “bom garoto”. É alguém que está conseguindo “resultados”. Isto é, alguém que está conseguindo aumentar os lucros dos bancos, mesmo que às custas da vida do povo argentino.
O “sucesso” de Milei na Argentina é um indicativo de que o imperialismo tentará reproduzir esse modelo em outros países na região, sendo o Brasil, por seu tamanho e por sua importância política, um alvo prioritário.
Já há várias demonstrações de que Milei não é um caso isolado. Países como Peru, El Salvador e Equador estão sob uma ditadura feroz. Já países governados pela esquerda, como a Colômbia e Honduras, estão sob uma intensa pressão golpista.
Essa ofensiva neoliberal corresponde a uma necessidade do imperialismo. As derrotas sofridas no Oriente Próximo e na Ucrânia estão obrigando os monopólios a partirem para uma contraofensiva – do contrário, perderão por completo o controle sobre os países atrasados.
A América Latina é um dos tabuleiros mais importantes dessa luta. Para o imperialismo norte-americano, a região sempre foi vista como seu quintal. Por isso, é de se esperar uma contraofensiva brutal. Por outro lado, se a esquerda frustrar essa contraofensiva, o imperialismo poderá estar com seus dias contados.