O ano de 2024 foi, mais uma vez, marcado pela paralisia das grandes organizações do movimento operário e do movimento popular. Após um ato de 1º de Maio esvaziado, mesmo com a presença do presidente Lula, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo ainda fecharam o ano com um fiasco total, reunindo menos de duas mil pessoas nas manifestações realizadas em mais de 40 cidades pedindo a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O fracasso é resultado direto de uma política que conduz as organizações populares e sindicais a uma inércia total.
A principal razão para o esvaziamento dos atos é a adoção de uma política que coloca os trabalhadores a reboque da política da direita golpista. Ao aliar-se com os setores que protagonizaram o golpe de 2016 e a perseguição judicial contra Lula, as direções se desmoralizam ainda mais diante de suas bases. A “unidade” com setores da burguesia é um erro fatal: ela desmobiliza e despolitiza os trabalhadores, afastando-os da luta por suas reivindicações.
Os atos do dia 10 de dezembro, em vez de apontarem para os verdadeiros inimigos – os banqueiros e seus representantes no Estado –, foram utilizados para reforçar uma ilusão de unidade com os “defensores da democracia”, deixando de lado uma mobilização independente.
Enquanto a economia nacional é drenada pelo pagamento de uma dívida pública fraudulenta, com R$5 bilhões sendo desviados diariamente para os cofres dos banqueiros, os trabalhadores enfrentam cortes em programas sociais como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). O principal desafio do movimento operário é canalizar a insatisfação contra esses verdadeiros algozes do povo. Enquanto isso, o que se viu nos atos do dia 10 foi a repetição de uma política que prioriza acordos de cúpula e atividades “demonstrativas”, em vez de um verdadeiro esforço para mobilizar as massas.
Para romper com a paralisia, é necessário um chamado claro e direto à mobilização. As organizações sindicais, como a CUT, e movimentos como o MST, precisam abandonar a política de conciliação e mobilizar o povo trabalhador em torno de questões concretas. Do contrário, aumentarão os ataques contra o povo brasileiro e contra o governo, que sairá ainda mais desmoralizado se fizer mais concessões aos seus inimigos.