Como outros antigos militantes do Partido, conheci Natália ainda criança, com cerca de 5 anos, quando ela vinha para estar junto de seu pai, o companheiro Rui, no nosso, então, pequeno escritório de trabalho e acompanhá-lo nas reuniões e outras atividades do PCO.
Me lembro dela colorindo desenhos, assistindo vídeos e me recordo quando, em meio à nossa atividade intensa, preparávamos refeições rápidas (como macarrão instantâneo e salsicha) que ela devorava antes de ir para a escola.
Ao longo dos anos, vi crescer seu apreço pela leitura, filmes e sua dedicação, ainda na adolescência, na aproximação de pessoas e organização de atividades próprias para a juventude, como a Universidade de Férias (organizada pela juventude do Partido, a AJR), da qual ela participou desde os primeiros anos (há 28 anos) e da qual se transformou em uma das principais organizadoras.
Dedicando-se com afinco ao estudo do marxismo, transformou-se em uma das principais lideranças de aspectos centrais do trabalho partidário como da imprensa, organizando e coordenando um núcleo da juventude que passou a publicar o que veio a ser o Diário Causa Operária (2003) e na organização do trabalho partidário, da organização das células e comitês partidários, recrutamento e financiamento do partido revolucionário.
Destacou-se nos debates e polêmicas que nós do PCO travamos com a decadente e sectária esquerda pequeno-burguesa. Natália foi decisiva para ajudar nosso Partido a caminhar no sentido oposto dessa esquerda, cada vez mais adaptada à política burguesa.
Com firmeza, esteve à frente das principais lutas políticas que nosso partido travou nas últimas décadas, destacamento contra o golpe de estado – sendo uma das principais organizadoras das caravanas para os atos que fizemos contra a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, primeiro, e pela liberdade de Lula, depois. Liderou em nosso Partido a campanha em defesa da luta do povo palestino, integrando a nossa delegação que se reuniu com a direção do Hamas e mantendo inúmeros contatos internacionais na defesa dessa e de outras causas internacionais.
Enquanto a maioria dessa esquerda educou as novas gerações a trilhar o caminho do carreirismo e do oportunismo politico, deixando de lado qualquer perspectiva de fato revolucionária, Natália foi, entre os jovens, o melhor fruto da política revolucionária do nosso partido, um exemplo para as gerações de jovens que liderou e, com certeza, para os militantes mais velhos, inclusive os que vacilavam diante das pressões que a burguesia golpista e o imperialismo impuseram nos últimos anos, corrompendo levas e levas de militantes, semeando desânimo e desorientação.
Se opôs, de forma contundente, ao sectarismo e polemizou com maestria contra os que pregavam a divisão da classe operária e dos explorado em nome da política identitária, impulsionada pelo imperialismo, de colocar mulheres contra homens, negros contra brancos etc. Defendendo sempre a unidade na luta dos trabalhadores, da juventude e de todos os explorados contra o imperialismo.
Sua trajetória é um exemplo, uma luz, para toda a militância revolucionária que ela contribuiu, de forma decisiva, para agrupar em torno do nosso Partido e das frentes de batalha em que militou.
Ter militado ao lado de Natália, dessa que foi uma das mais brilhantes estrelas da luta comunista das últimas décadas, da esquerda mundial, foi um enorme privilégio.
Que seu exemplo, sua luz brilhem e iluminem a luta revolucionária que ela ajudou a impulsionar, principalmente entre as atuais e futuras gerações de jovens.



