A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) tornou-se, nos últimos meses, um antro de acusações de antissemitismo e processos contra alunos e professores. A mesma PUC foi palco, anteriormente, de denúncias de antissemitismo contra o PCO, por ter cometido a atroz atitude de entregar panfletos denunciando o genocídio na porta da faculdade. O caso mais recente, envolvendo denúncias contra professores e estudantes por supostos discursos de ódio, não passa de uma tentativa aberta de silenciar críticas legítimas ao sionismo e ao criminoso Estado de “Israel”, cuja simples existência já é um ultraje para os trabalhadores de todo o mundo, sob o pretexto de combater o antissemitismo. Essa estratégia não é isolada, mas parte de uma campanha em universidades brasileiras e todos os locais públicos, como ocorre também na USP, para deslegitimar a defesa da causa palestina.
Desde outubro de 2023, após a gloriosa operação Dilúvio de Al-Aqsa, tensões sobre o conflito se intensificaram no campus da PUC-SP. Professores como Reginaldo Nasser e Bruno Huberman foram alvo de sindicâncias abertas pela Fundação São Paulo (Fundasp), mantenedora da universidade, sob acusações de antissemitismo. As denúncias foram motivadas por postagens do Grupo de Estudos de Conflitos Internacionais (GECI), coordenado por Nasser, que abordavam criticamente as ações do governo israelense.
Nasser classificou acertadamente as acusações como resultado de pressões globais promovidas por organizações ligadas ao Estado de “Israel”, tal como o próprio Mossad, para evitar discussões sobre o genocídio em curso em Gaza. Huberman, que é judeu e vice-coordenador do GECI, destacou que a crítica ao sionismo não pode ser confundida com preconceito contra judeus. “Estamos sendo censurados”, afirmou ele, apontando que há um esforço deliberado para interpretar críticas políticas como discursos de ódio.
As denúncias foram realizadas também por estudantes pró-sionistas, que cinicamente relataram episódios de hostilidade no campus. Luis Costa, aluno da Faculdade de Ciências Sociais, afirmou ter sido alvo de ameaças após se posicionar em apoio a “Israel”. Partindo do ponto que seja verdade seu relato, é impossível associar tal ameaça, segundo suas próprias palavras, a antissemitismo, sendo que o próprio comentou que as tais ameaças – que ninguém viu – vieram por seu posicionamento político.
Já Luiggi Lellis, estudante de Serviço Social, relatou ter sido expulso do centro acadêmico por defender uma posição sionista socialista, que existe apenas na cabeça de ignóbios ou direitistas enrustidos. No entanto, estudantes árabe-palestinos também denunciaram intimidações e ameaças. Lucca Bueno, membro do coletivo Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino (ESPP), apontou que as denúncias contra os professores foram tratadas com rapidez pela reitoria enquanto relatos anteriores de racismo, transfobia ou xenofobia contra outros docentes foram ignorados. Os próprios alunos pontuam que quando o assunto é a farsa do antissemitismo, as resoluções – sempre pró-sionistas – são imediatas.
O caso da PUC-SP ilustra como o termo “antissemitismo” nos dias de hoje não passa de um teatro para silenciar críticas ao sionismo e às políticas do regime racista israelense. Até indivíduos como Paulo Sérgio Pinheiro, relator especial da ONU para Direitos Humanos, criticaram as sindicâncias na PUC-SP em carta enviada à Fundasp. Ele classificou as denúncias como “demagogia” que confunde análise acadêmica com discurso de ódio. A tentativa de associar críticas ao sistema político israelense e ao próprio Estado de “Israel” com antissemitismo é uma tática que busca proteger práticas racistas, supremacistas, coloniais e expansionistas sob um manto de legitimidade moral, não passando de uma defesa fajuta do imperialismo.
Como mencionado anteriormente e facilmente observado, esse fenômeno não é exclusivo da PUC-SP. Na USP, quatro estudantes estão sendo investigados por suposto antissemitismo em um processo sigiloso, revelando o caráter cretinamente autoritário da medida. Uma carta assinada por 235 professores da universidade denunciou o uso do termo “antissemitismo” para reprimir críticas ao sionismo. Esses casos mostram que há um esforço coordenado para moldar o discurso público sobre a Palestina em espaços acadêmicos.
O sionismo — movimento político que defende a criação e manutenção do “Estado judeu” — é uma ideologia por definição racista e supremacista, criadas pelo imperialismo no intuito de serem uma fortaleza ocidental em meio à “barbárie” árabe, como posicionado pelos fundadores do sionismo no 1º Congresso Sionista em 1897. Questionar suas implicações coloniais ou suas políticas expansionistas não equivale a atacar judeus enquanto grupo religioso ou étnico, mas os sionistas sabem disso. Quando essas críticas são sistematicamente silenciadas sob acusações infundadas, perde-se a oportunidade de debater o sofrimento do povo palestino, a autodeterminação dos povos árabes e a luta anti-imperialista como um todo.
Os casos na PUC-SP e na USP revelam uma campanha grotesca e agressiva para associar qualquer crítica ou oposição ao sionismo e, em última instância, ao imperialismo com preconceito contra judeus. O objetivo é deslegitimar a defesa da Palestina e silenciar qualquer voz em nome de um suposto combate ao antissemitismo. A luta pela justiça na Palestina não deve ser confundida com intolerância religiosa ou étnica. Ao instrumentalizar o antissemitismo como espantalho para proteger o criminoso e farsante Estado de “Israel”, os sionistas enfraquecem o debate público sobre as verdadeiras causas das tensões no Oriente Médio: o próprio sionismo.