O jornal Opinião Socialista, do PSTU, publicou o texto Por uma verdadeira independência: Enfrentar a ingerência imperialista de Trump. O artigo começa com a denúncia de que as sanções e tarifas impostas pelo governo norte-americano seriam uma nova demonstração de que “os EUA seguem tratando a América Latina como seu quintal”. Até aí, uma constatação óbvia.
O problema aparece quando se passa da denúncia para a proposta de ação. O texto afirma que “já passou da hora de o governo Lula tomar alguma ação concreta contra as agressões de Trump”. Mas, em vez de propor a mobilização da classe trabalhadora contra o imperialismo, o PSTU se volta para dentro do aparato do Estado burguês, repetindo a velha política de adaptação.
A contradição se revela no momento em que o Opinião Socialista escreve: “prisão para os bolsonaristas golpistas e lambe-botas dos EUA!”. Na prática, isso significa confiar a defesa da soberania nacional ao Supremo Tribunal Federal, o mesmo poder que organizou o golpe de 2016, que perseguiu Lula e que hoje se apresenta como árbitro da política nacional em total sintonia com o imperialismo.
Em outras palavras, a “independência” de que fala o PSTU não é independência nenhuma. É uma retórica usada para justificar sua política: submeter os trabalhadores à política das instituições mais podres do regime burguês, em nome de um combate abstrato ao “autoritarismo”.
Não é novidade. Em 2016, o PSTU já havia apoiado a derrubada de Dilma Rousseff, se colocando na prática ao lado da direita golpista, em nome de uma suposta independência de classe. Agora, repetem a mesma fórmula: denunciam Trump com uma mão e, com a outra, reforçam o STF.
Chega a ser grotesco falar em “independência real” e, logo em seguida, defender que a repressão estatal seja o instrumento para derrotar a direita. Como escreve o próprio artigo: “além do seu projeto autoritário e ditatorial, os bolsonaristas são também articuladores da agressão imperialista… São traidores da pátria, defensores dos EUA, que vendem nossa soberania para proteger Bolsonaro.” A conclusão a que o PSTU chega é que esses “traidores” devem ser punidos pelo Supremo, como se o STF fosse uma trincheira contra o imperialismo.
O resultado dessa política é sempre o mesmo: enfraquecer a classe trabalhadora e fortalecer o regime. Quanto mais poder tiver o STF, mais submetido ao imperialismo o país será. O Judiciário brasileiro está umbilicalmente ligado ao grande capital, e sua atuação é guiada pelos interesses das potências estrangeiras.
Enquanto isso, o PSTU ataca não apenas os EUA, mas também a China, apontada como “novo imperialismo”. O artigo chega a afirmar que “mais recentemente, também o novo imperialismo chinês começou a instalar seus capitais no Brasil, aprofundando a subordinação industrial, tecnológica e econômica do Brasil”. Uma posição que só serve para embaralhar a luta, igualando a dominação secular do imperialismo norte-americano – o verdadeiro inimigo principal – à presença da China, uma nação oprimida, no país.
A defesa da soberania nacional não se faz pedindo prisão a juízes togados nem fortalecendo o aparato repressivo do Estado burguês. Tampouco se dilui igualando a China aos EUA. A verdadeira independência só pode vir da mobilização da classe trabalhadora, em aliança com os povos oprimidos, em defesa da Venezuela contra as ameaças de guerra dos Estados Unidos e contra a ditadura da toga promovida pelo STF.




