O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) publicou em seu sítio uma matéria chamada O PSOL, o PT, o Governo Lula e a extrema direita em que polemiza com seu antigo membro e atual integrante do PSOL Valério Arcary, o qual apresentou a posição extremamente oportunista de defender abertamente a política de frente ampla do governo Lula.
A crítica do PSTU à política criminosa de Arcary, no entanto, revela a posição pró-imperialista do próprio PSTU. Tecendo uma crítica moralista ao governo Lula, sem abordar a questão da luta de classes, o PSTU mostra sua incapacidade de compreender o caráter do governo e parte em defesa das políticas do imperialismo.
No debate com Arcary, o PSTU apresenta a posição de que não seria possível combater a extrema-direita apoiando o governo Lula. Defendendo a tese de que seria necessário romper completamente com o Partido dos Trabalhadores para que fosse possível “combater o fascismo”.
“Quer dizer, Valério diz que dá para derrotar a extrema direita e o “fascismo” apoiando o governo Lula, com Arcabouço Fiscal e tudo (…). Valério não exige que o governo rompa com a burguesia ou com o Arcabouço Fiscal. Está contra inclusive que se exija do governo a revogação das reformas Trabalhista e da Previdência, ou que Lula pare as privatizações e reestatize as empresas de energia e o saneamento, por exemplo”.
O que o PSTU ignora na sua crítica a Arcary é que para “derrotar a extrema-direita”, a questão central não é apoiar ou não apoiar um governo, mas apresentar uma política que combate a direita e que apresente uma perspectiva de luta para os trabalhadores. Não é possível ignorar a realidade, o Poder Executivo é governado pelo PT. O comando do Executivo não está vazio, há um partido político e um político de esquerda que historicamente se apresentaram na defesa da classe trabalhadora. É necessário uma política para isso. O PT é um partido de esquerda e que possui um vínculo com a classe trabalhadora brasileira.
Neste sentido, a posição perante o governo Lula neste momento não seria, chamar o povo para romper com ele. Não seria uma política de “desmascarar o governo”> E sim uma apoiar os acertos do governo Lula e criticar seus erros, demonstrando as suas contradições e como ele está se desviando daquilo que ele mesmo se propôs a fazer.
Para o PSTU, não é assim.
“A política econômica de Lula 3 já encontra um mundo mais em crise e um país muito mais desindustrializado, reprimarizado e com níveis superiores de precarização do trabalho do proletariado, construído por décadas de subordinação do país à divisão mundial do trabalho imperialista”.
Para o PSTU a política aplicada no governo Lula vem diretamente da cabeça do presidente, como se todas as posições do governo viessem apenas dos mandos e desmandos de Lula. O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado ignora mais uma vez a realidade a sua frente. A posição absurda do PSTU colocaria o Lula acima da da luta de classes.
As posições erradas do governo Lula, como o Plano Haddad, são fruto da pressão exercida pelo imperialismo contra o governo. Não sendo um governo revolucionário, o governo Lula tende a sucumbir diante das pressões do imperialismo e, sem a disputa pelo seu governo à esquerda, ele capitula para as políticas imperialistas.
A incapacidade do PSTU de enxergar a luta de classes fica ainda mais claro quando os ditos “comunistas” partem em defesa da política imperialista da Marina Silva:
“E o governo Lula não apenas não desautoriza nada disso, como se abraça ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil) para defender exploração de petróleo na Margem Equatorial e atacar o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) ”.
A exploração do petróleo da Margem Equatorial é um passo essencial para o desenvolvimento nacional. Isso fica muito claro, diante situação atual na vizinha Guiana – onde a exploração da Margem Equatorial possibilitou que o PIB o país crescesse 48% em 2022. A política defendida pelo PSTU serve apenas aos interesses dos abutres internacionais, que gostariam que o petróleo ficasse lá até que as petrolíferas estrangeiras e seus aliados políticos possam controlar o País e roubar toda essa imensa riqueza do povo brasileiro.
A crítica do PSTU apenas demonstra, mais uma vez, que são incapazes de ver o problema e a política do imperialismo. E, por conta disto, são incapazes de entender por que o governo do PT capitula perante as pressões imperialistas.
“Para não falar que o governo, depois do 8J ter significado uma derrota para a direita, atuou para manter as Forças Armadas intactas e o entulho autoritário do Artigo 142 na Constituição, como mantém José Múcio como ministro da Defesa (…). É evidente que devemos exigir a prisão de Bolsonaro e nenhuma anistia. ”.
A sanha de defesa do imperialismo pelo PSTU é tamanha que a matéria ainda tenta defender a política do grande representante do imperialismo Alexandre de Moraes. Tentam convencer o leitor, de forma subliminar, de que o 8 de janeiro teria sido uma derrota da direita. Só pode acreditar nesta posição quem acha que Alexandre de Moraes, o homem de confiança de Temer e responsável pelo Golpe de 2016, teria barrado um “golpe de Estado” em 2022.
“Nossa política teria de ser chamar a construir destacamentos armados de autodefesa nos sindicatos, nas ocupações, nos movimentos, construir a unidade da classe com independência de classe e mobilização unificada. A prioridade é ter a classe organizada, unificada e mobilizada de forma independente da burguesia. A partir disso, ela pode fazer unidade na ação (e não mais que na ação) até com a avó do diabo. No caso de um golpe, evidentemente é preciso chamar a mobilização e fazer unidade de ação com o governo contra o golpe, mas jamais dar apoio político à sua política capitalista, que é rechaçada, com razão, pela classe trabalhadora e pela juventude”.
A confusão política do PSTU é tamanha que eles mesmo se contradizem. Defendem que não é possível apoiar o governo Lula – um governo de esquerda e apoiado pelos trabalhadores – mas que, em caso de um golpe, se uniriam a esquerda para lutar contra a extrema-direita. A questão é que o Brasil viveu um golpe em 2016 e o PSTU foi incapaz de lutar contra o golpe. Com a política completamente insana do “fora todos”, o PSTU apoiou o golpe contra a presidente Dilma e a política imperialista no país.
Como, neste momento, o PSTU também não vê nenhuma ameaça de golpe ele não ficará do lado da esquerda. É o jeito mirabolante que o PSTU encontrou de nunca lutar contra um golpe e sempre apoiar o imperialismo. No fim, a crítica do PSTU não é de que o governo Lula é um governo “social liberal” ou que ele “não rompeu com a burguesia”, mas de que o governo não seguiu a política imperialista até o fim.