Um projeto de lei israelense que propõe transferir a responsabilidade pelos sítios arqueológicos da Cisjordânia da Administração Civil militar para a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA) causou alarme entre os arqueólogos israelenses, que alertam que isso representa mais um passo na “anexação de fato de terras palestinas por parte de Israel”, conforme relatou o The Times of Israel.
Durante séculos, as ruínas da fortaleza da era das Cruzadas em Tal‘at ed Damm, ou “Ascensão do Sangue”, um local reconhecido pela Autoridade Nacional Palestina como parte do território palestino, permaneceram praticamente intocadas. Escavações recentes realizadas pela Unidade de Arqueologia da Administração Civil do Ministério da Segurança de “Israel” descobriram um mosaico bizantino sob os restos das Cruzadas, ressaltando a profundidade da história da Palestina. Ao contrário da maioria das escavações supervisionadas pela IAA, este projeto está sob a alçada da Administração Civil, que gerencia os assuntos civis na chamada Área C da Cisjordânia, de acordo com o relatório.
A Cisjordânia ocupada é lar de cerca de 2.600 sítios arqueológicos que abrangem heranças cristã, muçulmana e judaica. De acordo com os Acordos de Oslo, a autoridade de “Israel” sobre as antiguidades se limita à chamada Área C da Cisjordânia, enquanto as chamadas Áreas A e B da Cisjordânia permanecem sob a Autoridade Palestina. No entanto, um projeto de lei israelense de 2023 propõe transferir a supervisão do COGAT, o escritório de ligação militar, para a IAA, sob o pretexto de preservação.
Até mesmo a IAA se opôs ao plano, alertando que isso poderia prejudicar os laços acadêmicos internacionais e minar a credibilidade profissional. Especialistas também observaram, conforme relatado pelo The Times of Israel, que substituir a “lei militar” pela “lei civil” na Cisjordânia consolidaria a “anexação”, ao mesmo tempo em que enfraqueceria as proteções para os sítios arqueológicos.
O patrimônio arqueológico na Cisjordânia ocupada enfrenta ameaças contínuas, principalmente devido à violência dos colonos israelenses. A destruição foi documentada em locais como a histórica Igreja de São Jorge em Taybeh e os terraços de Battir, listados pela UNESCO, onde os colonos invadiram repetidamente. Apesar disso, as autoridades israelenses raramente agem contra o vandalismo dos colonos.
Em Taybeh e em toda a Cisjordânia ocupada, a violência dos colonos frequentemente atinge não apenas indivíduos, mas também meios de subsistência e terras agrícolas. Grupos de direitos humanos e líderes religiosos documentaram repetidos atos de sabotagem, incluindo colonos soltando gado em campos palestinos e centros urbanos, destruindo olivais e arruinando plantações.
A paisagem de Taybeh está profundamente entrelaçada com a herança cristã, com suas igrejas, santuários e campanários se elevando sobre os olivais. Mas esta histórica comunidade cristã está sob crescente pressão. Desde 1948, a população cristã palestina caiu de cerca de 10% para menos de 1%, impulsionada em grande parte pela emigração forçada sob a ocupação.





