Inglaterra

Professor é acusado de terrorismo por mostrar vídeos de Trump

Professor de política no Henley College foi encaminhado ao programa antiterrorismo por vídeos de Donald Trump exibidos em aula sobre eleição e propaganda

Um professor de política em uma escola da Inglaterra foi tratado como “risco” para estudantes e encaminhado ao Prevent, programa do governo britânico voltado à “prevenção” do terrorismo, após exibir vídeos de Donald Trump em uma aula sobre política norte-americana. O caso ocorreu no Henley College, em Henley-on-Thames, no condado de Oxfordshire, e foi revelado pelo jornal The Telegraph.

Segundo o professor, um homem na casa dos 50 anos que pediu para não ser identificado, a instituição acionou a autoridade local responsável por salvaguarda de crianças, que considerou “prioritária” a recomendação de encaminhamento ao Prevent. Ele afirmou que foi “comparado a um terrorista” por mostrar aos alunos, jovens de 17 e 18 anos, gravações relacionadas à campanha de Trump, incluindo um vídeo de posse.

Documentos vistos pelo The Telegraph indicam que o Henley College iniciou uma apuração interna em janeiro de 2025, após reclamações de dois estudantes. As queixas alegavam que o docente estaria ensinando de maneira “tendenciosa” e “fora do tema”. Em mensagem oficial datada de 28 de janeiro, a escola afirmou que ele teria exibido “vídeos de Donald Trump, sua campanha, propaganda e outros vídeos que não estão relacionados ao que está sendo ensinado”, e alegou que ao menos um dos materiais teria deixado uma aluna “bastante desconfortável”.

O professor disse que a aula tratava da eleição nos EUA e de propaganda política e que Trump havia vencido recentemente, razão pela qual mostrou “alguns vídeos” da campanha. Segundo ele, a situação escalou rapidamente: “eles me compararam a um terrorista. Foi totalmente desconcertante. Parece coisa de romance de George Orwell”. Ele relatou ainda que foi acusado de ter causado “dano emocional” aos alunos e que uma estudante teria dito estar “emocionalmente abalada” e com “pesadelos”.

O caso foi encaminhado ao Local Authority Designated Officer (LADO), autoridade local encarregada de apurar denúncias de salvaguarda envolvendo profissionais que trabalham com jovens. Um relatório do LADO, datado de 22 de maio, registrou que as opiniões do professor “poderiam ser percebidas como radicais” e recomendou que o Henley College concluísse um encaminhamento ao Prevent. O mesmo relatório menciona a hipótese de que haveria “preocupação” de dano a um jovem, a possibilidade de “infração” a partir das opiniões apresentadas, incluindo a sugestão de que poderiam configurar “crime de ódio”, e a alegação de que a promoção dessas opiniões poderia envolver “radicalização”.

Em abril de 2025, o docente recebeu uma carta formal informando que estava sendo acusado de má conduta por supostamente ter causado “dano emocional” aos alunos “como resultado do compartilhamento de conteúdo inadequado (especialmente vídeos)” e por “falta de equilíbrio” ao apresentar pontos de vista políticos, com “ênfase em visões de direita, potencialmente extremistas”. A carta também citava alegações de que as aulas seriam “tendenciosas e fora do assunto” a ponto de se tornarem uma distração do conteúdo programado.

Entre os materiais citados está um vídeo musical intitulado Daddy’s Home, associado a apoiadores de Trump e que, segundo o professor, teria sido sugerido por um dos próprios alunos. Ele declarou não compreender como esse conteúdo poderia, por si, justificar a acusação de que um estudante teria ficado “emocionalmente perturbado”.

O professor afirmou ser católico praticante e simpatizante do Partido Republicano, mas negou qualquer vínculo com extremismo. Ele também declarou que exibiu vídeos de Kamala Harris no mesmo curso e que, antes da reclamação, havia mostrado cerca de cinco vídeos ligados a Trump. Segundo seu relato, ele assumiu a turma de política no início de setembro de 2024 para cobrir falta de funcionários; no ano anterior, lecionava estudos de negócios na mesma escola e teria sido elogiado pelo trabalho. Ele disse acreditar que foi alvo de um grupo de estudantes após a mudança de função e acusou a direção do colégio de ter “viés completo” contra qualquer conteúdo relacionado a Trump.

A controvérsia levou o professor a abrir uma reclamação formal contra o Henley College. Em um acordo negociado, a instituição pagou £2.000 e, segundo o docente, o desfecho ocorreu após pressão que resultou em sua saída do cargo, que rendia cerca de £44.000 por ano. Atualmente, ele trabalha como professor substituto enquanto busca uma vaga permanente.

A Free Speech Union (FSU), organização citada no caso, afirmou que protocolos de salvaguarda, destinados a proteger jovens de criminosos violentos, estão sendo usados de forma indevida contra profissionais com opiniões consideradas “fora de moda”. O diretor da FSU, Lord Young, declarou que exibir um anúncio eleitoral de um dirigente eleito dos EUA em uma aula de política, inclusive ao lado de material de Kamala Harris, não transformaria um professor em risco para crianças, defendendo que houve uso político de procedimentos institucionais.

A defesa do professor também citou que ele teria sido acusado de exibir um “vídeo de genocídio” a jovens, mas alegou que o material fazia parte de conteúdos didáticos fornecidos pelo Holocaust Education Trust. Ao comentar os efeitos do episódio, o professor afirmou que a situação prejudicou sua saúde mental e física e que precisou buscar aconselhamento profissional.

Procurado, o Henley College declarou ao The Telegraph que não comenta alegações individuais ou investigações em andamento. Disse ainda que segue procedimentos estatutários de salvaguarda “em conformidade com Keeping Children Safe in Education 2025” e que as denúncias são tratadas “com o devido cuidado”, com apoio aos envolvidos.

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