O ator francês Théo Navarro-Mussy foi proibido de participar do Festival de Cannes, que começou na última terça-feira (13), devido a acusações de violência sexual feitas por três ex-companheiras entre 2018 e 2020, apesar de o processo judicial ter sido arquivado por falta de provas no último mês. A decisão, tomada pelo diretor do festival, Thierry Frémaux, e pela produção do filme “Dossier 137”, no qual Navarro-Mussy tem um papel secundário, marca a primeira vez que um artista é banido do evento por tais motivos.
Navarro-Mussy, conhecido por seu trabalho na série “Hippocrate”, negou as acusações de “estupro, violências física e morais” e afirmou compreender a decisão da organização, segundo a revista francesa Télérama. As ex-companheiras anunciaram intenção de recorrer da decisão judicial e abrir um processo civil contra o ator. O caso ocorre em meio à influência do movimento #MeToo, que já gerou controvérsias em Cannes, como a crítica à exibição de “A Favorita do Rei”, estrelado por Johnny Depp, em 2023, após sua disputa judicial com Amber Heard. No mesmo dia do início do festival, o ator Gérard Depardieu foi condenado a 18 meses de prisão por agressão sexual, reforçando o impacto do movimento.
O Festival de Cannes, um dos maiores eventos cinematográficos do mundo, atrai cerca de 40 mil visitantes anualmente, segundo o sítio France 24, sendo um dos principais da sétima arte. A exclusão de Mussy, que não foi condenado, demonstra o desvalor da presunção de inocência em uma conjuntura mundial marcada pelo constante deslocamento do imperialismo a tendências cada vez mais fascistas. Em 2024, a França registrou 2.300 denúncias de violência sexual no setor cultural, conforme dados do Ministério da Cultura francês, mas apenas 12% resultaram em condenações.