O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, dissolveu seu governo após dias de protestos liderados por jovens, desencadeados por cortes de energia prolongados e escassez de água na nação do Oceano Índico.
Em um discurso televisionado na noite de segunda-feira (29), Rajoelina reconheceu a revolta pública por anos de má prestação de serviços ao anunciar a demissão do primeiro-ministro Christian Ntsay e de seu gabinete. Ele disse, no entanto, que os ministros de saída permaneceriam no cargo até que um novo governo fosse formado em até três dias.
“Reconhecemos e pedimos desculpas se os membros do governo não cumpriram as tarefas que lhes foram atribuídas”, disse Rajoelina, acrescentando que entendia a raiva pelos cortes de energia e escassez de água, por ter “ouvido o chamado” e “sentido o sofrimento”.
Pelo menos 22 pessoas foram mortas e mais de 100 ficaram feridas em protestos liderados por jovens malgaxes apelidados de movimento “Geração Z”, que começou na última quinta-feira (25) na capital Antananarivo. O chefe de direitos humanos das Organizações das Nações Unidas (ONU), Volker Turk, disse na segunda-feira (29) que estava “chocado e entristecido pelas mortes e feridos” na nação insular do sul da África. Seu escritório observou que as marchas começaram “pacificamente”, mas foram recebidas com “força desnecessária”, com alguns policiais de segurança usando munição real contra os manifestantes.
Imagens mostraram estações de teleférico incendiadas e um grande centro de compras que havia sido saqueado por manifestantes. As casas de dois legisladores também foram supostamente alvejadas. Os protestos levaram as autoridades a impor um toque de recolher noturno “para proteger a população e seus pertences até que a ordem pública seja restaurada”.
A União Africana e a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral expressaram “profunda preocupação” com a crise e pediram a todas as partes que exerçam moderação e busquem uma solução pacífica.
Uma crise política semelhante se processou no Quênia no ano passado, quando o presidente William Ruto demitiu quase todo o seu gabinete após semanas de protestos liderados por jovens contra propostas de aumento de impostos e o aumento do custo de vida.





