Oriente Médio

Presidente da Uber planeja privatizações no Irã

CEO da Uber faz fala pela privatização do Irã, derrubada do governo iraniano e restauração da monarquia

O presidente da Uber Dara Khosrowshahi, foi alvo de críticas após a sua participação em uma discussão on-line sobre formas de explorar o Irã em caso de mudança de regime. O evento foi realizado pela União Nacional para a Democracia no Irã (UNDI), uma organização não-governamental iraniana-americana e o principal grupo de defesa do movimento monarquista de Reza Pahlavi, cujo pai foi o último Xá do Irã, com sede em Washington.

Promovido por um dos apoiadores de Pahlavi, o evento foi um esforço “para apresentar projetos que poderiam ser rapidamente implementados no Irã após a queda da República Islâmica” e “o estabelecimento de um governo sólido”. A iniciativa foi realizada para articular de forma apressada um plano vago de privatização da economia do Irã em caso de uma mudança de regime.

Ainda não é claro se a visão apresentada pelos dois iranianos expatriados – Khosrowshahi e Pahlavi – representa um plano concreto para derrubar o governo, mas o conteúdo da conversa sugere que o executivo da Uber busca ganhos no caso de uma operação bem-sucedida de mudança de regime.

Questionado pelo investidor de risco iraniano radicado nos EUA Shervin Pishevar o que faria nos “primeiros 100 dias” de um “Irã livre”, Khosrowshahi disse:

“Se você analisar o PIB potencial do país… Como mercado, acho que a Uber e praticamente todas as outras grandes empresas de tecnologia, serviços e marcas considerariam o Irã como um novo mercado muito, muito importante para entrar. Por isso, acho que entraríamos com certeza no Irã e investiríamos agressivamente no mercado local também”.

“Há milhares e milhares de empreendedores iraniano-americanos como eu e vocês por aí, e essa é uma força a ser reconhecida”, continuou Khosrowshahi. “E quando o Irã se abrir, estou realmente ansioso para colocar essa boa força para trabalhar, por assim dizer”.

Pishevar se atrapalhou diversas vezes enquanto lia um discurso de vendas feito para a TV durante sua longa apresentação de Khosrowshahi:

“A República Islâmica tentou nos enterrar… Mas nós éramos sementes. Sementes impenetráveis. O que vem a seguir é o florescimento do espírito iraniano – ousado, belo e imparável. Que o mundo veja isto: que o Irã, antes silenciado pelo medo, assassinato e estupro, ergueu-se em esperança e tornou-se um farol para todas as nações que sonham com a liberdade. Não vamos mais financiar o terrorismo, vamos financiar a esperança. Essa é a nossa missão, esse é o dinamismo iraniano. Ele começa agora.”

A UNDI tem antigas ligações com o governo de ‘Israel’ e já trabalhou de perto com lobbys israelenses, como a Fundação para a Defesa das Democracias. A ONG imperialista é um nexo do movimento monarquista iraniano, sua agenda gira em torna da reascensão da monarquia iraniana – da qual os apoiadores acreditam que Pahlavi é o herdeiro natural ao trono e deveria assumir o comando do país como rei. Eles afirmam que Pahlavi é o é o sucessor legítimo do último xá do Irã, Mohammad Reza Pahlavi, que foi forçado ao exílio após a abolição da monarquia durante a Revolução Iraniana de 1979.

Um dos mais destacados membros da UNDI é Saeed Ghasseminejad, que é descrito no site do grupo como membro do “conselho consultivo” e que trabalha para o lobby imperialista-sionista Fundação para a Defesa das Democracias.

Além de postar “Morte à Palestina” no X, Ghasseminejad acompanhou Pahlavi durante uma visita a Israel em abril de 2023, na qual o autodenominado príncipe do Irã se encontrou com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e com a ministra da Inteligência, Gila Gamliel. A aliança entre o suposto príncipe e o Estado farsante de ‘Israel’ foi uma forte fonte de repulsa por parte dos iranianos que Pahlavi diz representar, tendo em vista o forte apoio do povo iraniano à causa palestina – principalmente durante o genocídio em curso na Faixa de Gaza.

Pishevar trouxe durante a conversa a conexão entre a fortuna de Khosrowshahi e a família real iraniana. De acordo com o capitalista, a riqueza da família Khosrowshahi tem traços antigos com a realeza do Irã, sendo o avô do CEO da Uber um dos grandes capitalistas do setor farmacêutico na era do Xá. A herança familiar de Khosrowshahi  foi demonstrada também pelo Business Insider em 2019:

“Para Khosrowshahi, um dos CEOs de tecnologia mais poderosos da atualidade, o sucesso está em seu sangue… Os irmãos, primos e tios do executivo-chefe têm currículos impressionantes que incluem a fundação de suas próprias startups multimilionárias, a administração de empresas da Fortune 500 e diplomas de Harvard, Brown e Stanford.”

Hassan Khosrowshahi, tio de Dara, é um dos homens mais ricos do Canadá e tinha um patrimônio líquido estimado em US$ 1,16 bilhão em 2016.

A conversa entre os capitalistas iranianos-americanos mostra o interesse do imperialismo no país. Para além da política regional, com o Irã sendo um dos maiores agentes anti-imperialistas no Oriente Médio, a dominação do Irã pelo imperialismo apresenta uma oportunidade de negócios para a burguesia financeira. Dominar um novo mercado em um mundo já repartido significa mais um breve respiro para a decadente burguesia imperialista.

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