Venezuela

Prêmio Nobel dos genocidas vai para golpista María Corina Machado

Ex-deputada é a principal liderança da extrema direita no país caribenho

A principal liderança da extrema direita venezuelana, María Corina Machado, venceu o Premio Nobel da Paz de 2025. A ex-deputada atua politicamente no país há décadas e já se envolveu em golpes de Estado, pedidos de sanções e apoios à intervenção armada estrangeira.

A conhecida opositora ao chavismo é filha de Enrique Machado Zuloaga, um dos maiores magnatas venezuelanos, falecido em janeiro de 2023. Proprietário da siderúrgica Sivensa, Zuloaga construiu um império no setor de metais pesados e energia, que, após sua morte, segue sob gestão familiar. O atual líder da empresa é Oscar Augusto Machado, primo de María Corina.

No início dos anos 1990, as companhias da família Machado tornaram-se as primeiras exportadoras privadas não-petroleiras da Venezuela, mas entraram em conflito com o governo do então presidente Hugo Chávez. Em 2009, o mandatário ordenou a expropriação de duas subsidiárias da Sivensa. Em 2010, após uma paralisação de trabalhadores de outra filial, a Sidetur, Chávez também nacionalizou a companhia.

Naquele período, Machado já atuava politicamente no país dirigindo uma organização fundada por ela mesma chamada Súmate, que se classifica como uma ONG para “monitorar eleições na Venezuela”. No entanto, a entidade teve participação ativa nas mobilizações que culminaram no golpe de Estado contra Chávez em 2002 e na campanha para a convocação de um referendo revogatório para encerrar o mandato do ex-presidente em 2004. Após a vitória chavista na votação com quase 60% dos votos, os diretores da Súmate foram acusados de conspiração pela Justiça venezuelana por receberem doações do National Endowment for Democracy (NED), instituição estatal dos EUA criada nos anos 1980 para atuar na política externa norte-americana.

Além do apoio da Súmate ao golpe que derrubou Chávez por 48 horas em 2002, María Corina apoiou pessoalmente o governo golpista que assumiu temporariamente o controle do país. Na ocasião, o então diretor da principal entidade empresarial do país, Pedro Carmona Estanga, se autoproclamou presidente da Venezuela e assinou um decreto que fechava o Congresso, anulava a Constituição, dissolvia a Suprema Corte e suspendia garantias legais. María Corina estava entre as mais de 300 pessoas que fizeram parte do breve governo golpista e assinaram o chamado “Decreto Carmona”.

Após o fracasso do golpe e a derrota no referendo de 2004, Machado ampliou sua ação e buscou apoio internacional para a Súmate. Em 2005, visitou Washington, e se reuniu com o então presidente dos EUA, George W. Bush. O encontro gerou repúdio por parte do governo venezuelano, que alegou que, naquele momento, nem o embaixador venezuelano em Washington conseguia uma reunião com Bush.

Em 2010, Machado foi eleita como deputada pelo Estado de Miranda, mas não chegou a terminar o mandato. Ela foi cassada em 2014, após aceitar um cargo de embaixadora do Panamá na Organização dos Estados Americanos (OEA), violando o artigo 149 da Constituição venezuelana que impede funcionários públicos de aceitar cargos de governos estrangeiros sem a autorização do Congresso. Segundo María Corina, o posto oferecido pelo governo panamenho serviria para “denunciar a violência cometida” pelo presidente Nicolás Maduro.

Enquanto ocupou o cargo na OEA, Machado pediu mais sanções contra a Venezuela para pressionar o governo. As violências às quais Maria Corina se referia eram as ações policiais contra diversos protestos opositores, que ficaram conhecidos no país como “guarimbas”. O estopim das marchas foram as declarações dadas em 2013 pelo então candidato opositor à Presidência, Henrique Capriles, dizendo que não reconheceria a vitória de Maduro e que convocaria a população a protestar contra os resultados eleitorais.

No entanto, ao longo dos meses, os protestos foram ganhando amplitude e ficaram marcados pelo alto nível de violência empregado pelos manifestantes que incendiavam prédios públicos, atacavam sedes de partidos de esquerda e agrediam trabalhadores que se recusavam a aderir às marchas. Neste momento, Capriles tentou afastar sua imagem dos distúrbios e enfrentamentos quase diários entre a polícia e os manifestantes. A decisão abriu brecha para que outros líderes opositores assumissem a liderança dos protestos. Entre eles, estava María Corina Machado.

As “guarimbas” voltaram a ocorrer três anos mais tarde, em 2017. Os protestos daquele ano, no entanto, duraram mais tempo e se mostraram ainda mais violentos que os de 2014. Segundo a versão do governo, ao menos seis pessoas foram mortas e 23 foram atacadas durante os atos por serem simpatizantes ou apoiadores do chavismo.

O caso mais emblemático da violência das “guarimbas” ocorreu em maio de 2017, quando Orlando Figuera, um jovem de 22 anos, foi linchado, esfaqueado e teve seu corpo incendiado após ser acusado de ser chavista durante uma marcha na zona leste de Caracas. Segundo a mãe do rapaz, que o encontrou no hospital ainda com vida, os participantes da marcha perguntaram a Figuera se ele era chavista e o jovem respondeu que sim. “O apunhalaram, lincharam, colocaram gasolina e queimaram. O queimaram vivo porque ele era negro e porque era chavista”, disse a mãe em uma entrevista ao jornal português Público.

Em 2019, a oposição intensificou suas ações para tomar o poder ao apoiar a autoproclamação de Juan Guaidó como “presidente interino” da Venezuela. Embora menos visível, María Corina apoiou Guaidó durante todo o período do “interinato”, sem ocupar cargos no governo paralelo. Nesse período, ela passou a defender abertamente uma “intervenção militar estrangeira” para derrubar o governo chavista.

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