O prefeito Euclério Sampaio (MDB) anunciou o corte de verbas destinadas à escola de samba Boa Vista, alegando que não compactua com homenagens a “movimentos criminosos”. O motivo foi que o enredo em homenagem à Sebastião Salgado inclui uma menção ao MST com uma ala da escola de samba desfilando.
Durante a apresentação, uma das alas representava os trabalhadores do campo e o MST, movimento que Salgado documentou por cerca de dois anos no livro “Terra”. O desfile ocorreu no domingo (23), celebrando os 50 anos da agremiação e trazendo elementos da obra do fotógrafo.
Na quarta-feira (26), o prefeito alegou que não havia sido informado sobre essa parte do enredo. Ele declarou que o “erro é inadmissível” e que tomaria medidas para responsabilizar a escola.
Após a manifestação do prefeito, a Independente de Boa Vista também se pronunciou e ressaltou que é responsável por “gerar emprego e renda, movimentando a economia local e proporcionando oportunidades para muitos trabalhadores“.
Em nota, a escola lamentou a manifestação do prefeito. “É com tristeza que a escola de samba Independente de Boa Vista, juntamente com seus componentes, desfilantes, torcedores, amantes do Carnaval e da cultura do nosso Estado, recebeu a Nota de Repúdio. Sabemos do coração bom de Euclério, por isso, ficamos na expectativa de uma reversão desse posicionamento”.
A escola explicou que Sebastião Salgado passou anos junto ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), realizando um importante trabalho fotográfico. A ala da escola, intitulada “Terra”, faz referência a um dos livros mais emblemáticos de Sebastião Salgado, segundo a escola. “A representação apresentada no desfile visou unicamente destacar esse aspecto importante da obra do fotógrafo“, completou em nota.
A escola se defende corretamente, mas é uma defesa recuada. Se a Boa Vista quisesse um enredo inteiro sobre a luta pela terra com a ala do fim do latifúndio, a ala da Revolução Russa, a ala da luta armada dos camponeses etc. ela teria esse direito. No Brasil existe a liberdade de expressão em lei e o Carnaval, a festa do povo, é um dos locais onde ela mais deve ser defendida.