Ocorrida no último dia 10, a posse do presidente venezuelano reeleito, Nicolás Maduro, mobilizou uma verdadeira campanha de guerra do imperialismo contra a república bolivariana que teve, em um de seus desdobramentos, uma cobertura tão mentirosa quanto calhorda por parte da imprensa imperialista. Um dos destaques ficou por conta do espanhol El País, que, na matéria María Corina Machado reaparece y lidera las protestas contra la investidura de Maduro, assinada por Juan Diego Quesada e Florantonia Singer, e publicada no último dia 9, tratou de uma suposta prisão da líder golpista María Corina Machado, candidata derrotada na chapa presidencial liderada por Edmundo González Urrutia. Diz El País:
“María Corina Machado reapareceu na quinta-feira depois de quatro meses protegida da perseguição chavista e liderou os protestos contra a posse de Nicolás Maduro em Caracas. No final do evento, sua equipe e testemunhas relataram que ela foi detida pelas autoridades e depois liberada em um evento confuso que manteve a Venezuela em suspense. De acordo com o mesmo relato, os agentes interromperam a passagem da motocicleta em que ela estava viajando com tiros e, depois de tirá-la à força, ela foi levada embora por um breve período de tempo.”
O único problema da matéria é a verdade, ou melhor, a falta dela. O governo bolivariano negou que tenha feito qualquer coisa parecida, embora tivesse direito, tendo em vista que Machado é uma agente mal-disfarçada do governo dos EUA no país, um governo que adota sanções econômicas contra a Venezuela, o que é uma de guerra.
A candidata derrotada e seus asseclas, portanto, são colaboradores de uma nação que está em guerra com o país vizinho, tornando a prisão plenamente justificável. Em defesa de Machado, outro órgão do imperialismo, o G1, destacou, na matéria intitulada María Corina Machado é libertada após ser detida em manifestação contra Maduro, diz oposição e publicada também no dia 9:
“O partido da opositora [Machado] disse em uma rede social que membros do regime Maduro atacaram motos que estavam transportando María Corina Machado. Houve disparos de armas de fogo, segundo a oposição.
Horas depois, a oposição afirmou que María Corina ficou sob o poder de agentes chavistas por alguns momentos e foi obrigada a gravar alguns vídeos. Depois disso, foi liberada. Nenhuma outra informação foi divulgada.”
Se, para o G1, a propaganda disse que a golpista “ficou sob o poder de agentes chavistas por alguns momentos”, na rede social X e na própria matéria, uma outra informação aparece, creditada ao partido de Machado:
“‘Hoje, 9 de janeiro, ao sair da concentração em Chacao, Caracas, María Corina Machado foi interceptada e derrubada da moto em que estava se deslocando. Durante o incidente, armas de fogo foram disparadas. Ela foi levada à força [grifo nosso]. Durante o período de seu sequestro, foi obrigada a gravar vários vídeos e, em seguida, foi liberada’, publicou a oposição no X.”
Finalmente, como que para demonstrar como as mentiras são a norma quando se trata da cobertura da imprensa imperialista sobre a Venezuela, a supracitada matéria do G1 lembra que, “em agosto, em um artigo no ‘The Wall Street Journal’, ela [Machado] afirmou que estava escondida por temer pela própria vida”. De duas uma: ou muita coisa mudou ao longo dos últimos cinco meses e hoje, que a “ditadura” de Maduro está mais forte, a golpista pode circular com a desenvoltura observada pelas ruas de Caracas sem sequer ser presa, ou então, trata-se de uma mentirosa sem nenhum compromisso com nada que não seja o interesse dos EUA.
Não há provas de que ela tenha sido presa, porém, essa não é a primeira vez que María Corina tenta criar alarde. Em outra ocasião, a golpista chegou a telefonar para sua mãe para difundir um boato de que ela estaria sendo presa.
Finalmente, no dia seguinte, a matéria Em pronunciamento, María Corina Machado diz que Maduro consumou golpe de Estado na Venezuela, também do G1, tenta amenizar a falsificação afirmando que Machado fora “brevemente detida”:
“Sobre a própria detenção, María Corina disse que foi abordada por policiais enquanto deixava uma manifestação contra Maduro em Caracas, na quinta-feira (9). O governo venezuelano nega a prisão e chamou o episódio de ‘teatro’.
A opositora afirmou que foi interceptada enquanto deixava a manifestação em um comboio de três motos. Segundo ela, agentes armados da Polícia Nacional Bolivariana pararam o grupo.”
A “prisão” divulgada pela imprensa internacional foi, na verdade, um breve bloqueio no trânsito devido às manifestações. Em poucos minutos, ela já divulgava mensagens nas redes sociais alegando ter sido “sequestrada”. Apesar de sua versão ter sido desmentida, veículos como El País, da Espanha, continuaram a reproduzir essas mentiras, muitas vezes utilizando imagens de outros atos para dar a impressão de uma multidão inexistente.
Quem acompanha veículos imperialistas como o Globo, por exemplo, pode ser levado a acreditar que Nicolás Maduro é um líder odiado por seu povo, incapaz de andar pelas ruas. No entanto, as imagens mostram uma realidade completamente diferente. Maduro foi visto entre milhares de pessoas, com apoio popular evidente e próximo do público, ainda que com um esquema de segurança básico, algo comum para figuras públicas em qualquer lugar do mundo.
O que fica claro é que a imprensa capitalista continua a trabalhar ativamente para distorcer a realidade e proteger interesses reacionários. Cabe aos setores progressistas manter a vigilância e combater essas narrativas com base em fatos concretos e no apoio às lutas populares.