O desmantelamento dos bancos e empresas estatais, têm de ser entendido como parte da política econômica da direita golpista do atendimento aos interesses políticos e econômicos do capital imperialista, contra os interesses da classe trabalhadora.
O quadro de terror instalado nas empresas estatais é geral. O achatamento salarial, a insegurança e o pânico vividos pelos trabalhadores em seus locais de trabalho, não encontram resposta e direcionamento concreto por parte das direções sindicais.
Nesse contexto, realizou-se em Brasília no final do mês de novembro na CUT/DF um evento nacional cujo objetivo foi a criação do Coletivo em Defesa das Estatais, Empresas Públicas e seus Trabalhadores. O encontro elaborou um Manifesto que foi entregue aos representantes do governo, que reflete inteiramente a estreiteza política dos burocratas acomodados aos cargos de direção do movimento sindical, formada majoritariamente por lideranças da Articulação Sindical do PT.
O Manifesto tem em uma das suas reivindicações a “criação, em caráter de urgência, de uma Mesa Permanente de Negociação, com as entidades sindicais representativas dos trabalhadores das Empresas Públicas, promovendo o diálogo e a participação democrática (grifo nosso) entre as partes envolvidas”. Para José Lopes Feijóo – que hoje ocupa a Secretaria de Relações de Trabalho no Ministério do Trabalho – presente no evento da CUT, “os últimos anos impuseram perdas brutais aos trabalhadores e ao Estado brasileiro, que ‘estava sendo preparado para ser absolutamente destruído’”, e que, “o Estado era visto como desnecessário quando sabemos que ele cumpre um papel civilizatório. Quando não tem Estado, prevalece a Lei do mais forte, os movimentos sociais e o movimento sindical foram atacados justamente por serem pilares da democracia”. (Site CUT/DF 27/11/2024)
A burocracia sindical insiste na política de capitulação, de isolamento dos trabalhadores, priorizando as arapucas armadas pelas Administrações das Empresas Estatais a partir de promessas demagógicas de “Democratização”, em detrimento da discussão e luta dos trabalhadores, dentro das empresas.
Assim priorizam a política de mascarar o Estado em seu “papel civilizatório” na procura de instituições em que todas elas são variantes da própria burguesia que, efetivamente representa o Estado, sem apontar para o fortalecimento da organização de base das categorias, com vista à mobilização e organização.
Defendem a “reabertura dos canais de diálogo com o Governos Federal” para a construção de soluções que garanta a valorização e proteção dos direitos da classe trabalhadora, quando todo mundo sabe que o governo do Lula está completamente emparedado pela direita golpista da tal Frente Ampla, tanto dentro do próprio governo quanto das instituições do Estado, Congresso Nacional, STF, etc. e tratam o problema como se o desmantelamento das Estatais fosse só uma questão de uma “incompetência” e não fruto de uma política deliberada de sucateamento do País.
As propostas de “diálogos para a construção de soluções” só servem para desviar a luta dos trabalhadores, bloqueá-las e provocar a desmoralização das categorias.
Para que haja uma luta consequente em defesa dos trabalhadores e das estatais, é preciso dar um basta à política de colaboração com a burguesia típica das Frentes Populares (hoje denominada de Frente Ampla) que hoje se reproduz dentro do movimento sindical. Essa luta se materializa na retomada da direção do movimento rumo à organização de base e à política classista na forma de combate do setor burocrático das direções sindicais que emperra o movimento dos trabalhadores.
Ter claro que o setor que deve ser priorizado e capaz de travar, ao seu favor, através de uma luta consequente e organizada, é a classe trabalhadora. A concretização disso é a unificação entre todas as categorias, numa luta conjunta e uníssona contra a direita golpista e pró-imperialista. Organizar Comitês de Luta em cada local de trabalho, e não meros “Comitês de Defesa”, como forma concreta de aprofundamento da discussão no sentido da mobilização e luta contra a política neoliberal de liquidação das empresas estatais e em defesa das legítimas reivindicações dos seus trabalhadores.