O governo brasileiro confirmou, no último dia 10, que o salário mínimo nacional será reajustado para míseros R$1.621 em 2026, um reajuste de apenas R$103 em relação ao valor atual vigente de R$1.518. O percentual de 6,7% de aumento é apresentado como justificável em função da inflação acumulada ter sido de 4,4% em 2024, mais um ganho real de 2,5% limitado pelo arcabouço fiscal, proposto por Haddad e aprovado pela direita no Congresso Nacional.
Economistas ligados ao Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) destacam que reajustes limitados pelo teto fiscal ignoram a escalada do custo de vida, onde itens essenciais como cesta básica, aluguéis e energia elétrica consomem 70/80% do salário, forçando famílias a recorrer a endividamento, informalidade ou cortes drásticos em necessidades básicas. Corrigir o salário mínimo pela inflação é apenas uma enganação. A conta de luz, por exemplo, fechará o ano com um aumento médio de 7%, quase o dobro dos 4,4%.
A decisão atinge diretamente 59,9 milhões de pessoas, abrangendo trabalhadores formais no piso salarial, aposentados, pensionistas, beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e abono salarial, elevando as despesas obrigatórias do governo federal em aproximadamente R$ 43,2 bilhões – calculados a R$ 420 milhões para cada R$ 1 de aumento.
Considerando que o governo destina aos bancos aproximadamente R$7 bilhões diários de juros, amortização e serviços de uma dívida pública criminosa, se o governo ficasse uma semana sem pagar esses juros abusivos, cobriria os R$43,2 bilhões e ainda sobraria dinheiro.
O salário mínimo não cumpre sequer com o que estabelece a Constituição Federal (Art. 7º), deixando de garantir as necessidades básicas de uma família trabalhadora.
Enquanto o custo de vida só aumenta, enquanto os salários recebem um mísero reajuste, bilhões vão parar no bolso dos capitalistas, com o empobrecimento dos trabalhadores.
É preciso defender um salário mínimo vital, de – pelo menos – R$7.500, que possa garantir de fato o mínimo para que uma família possa ter suas necessidades vitais atendidas.



