HISTÓRIA DA PALESTINA

Por que os judeus não podem entrar no Monte do Templo

Religiosos judeus são contrários a ocupação do Monte do Templo

Com o acordo de cessar-fogo em vigor, volta à cena o debate acerca do sionismo como uma doutrina política supremacista, contrária à tradição da religião judaica. Há um esforço dos judeus religiosos não sionistas, que representam aproximadamente 95% dessa população, para promover esse debate, denunciando essa falsidade ideológica.

Torah Jews

Em 2002, no Brooklyn, Nova York, um grupo de judeus ortodoxos de várias comunidades fundou a organização Torah Jews. Essa organização tem como programa dois pontos:

  1. Espalhar a mensagem de que o Estado de Israel não representa os judeus ou o judaísmo.
  2. Alcançar nossos companheiros judeus com livros, artigos e palestras sobre a visão da Torá acerca do exílio, redenção e Estado judaico. Somos endossados por rabinos importantes.

Judeus no Monte do Templo

O ingresso de judeus no Monte do Templo é um tabu para os religiosos que seguem a Torá. Todo judeu que já tenha ido a um funeral, hospital ou cemitério, ou que tenha estado acidentalmente no mesmo local de um cadáver, estaria contaminado.

“Qualquer um que tocar num corpo humano morto e não se purificar com a novilha vermelha, contaminou o Templo de D’us, e sua alma será cortada de Israel, pois as águas da purificação não foram aspergidas sobre ele, ele permanece contaminado; sua contaminação ainda está sobre ele.” (Números 19:13)

Aos judeus que desobedecessem essa proibição, seriam aplicadas punições severas, como o “kareis”, que os cortaria da comunidade. Sua purificação exigiria o uso das cinzas de uma novilha vermelha, sem defeitos, sacrificada e cremada em um ritual específico.

Local do Templo

Como o Templo não existe mais, religiosos como o Rambam determinam (Beis Habechirah 6:14) que a santidade do local permanece até hoje. Assim, continua em vigor a proibição de pessoas contaminadas acessarem o local.

Outros rabinos importantes, como Magen Avraham (Orach Chaim 561:2), endossam essa interpretação, afirmando que a halacha está de acordo com o Rambam. O Mishnah Berurah (561:5) também concorda com essa posição.

A punição de kareis seria aplicável apenas aos que adentrassem o Pátio do Templo, um retângulo de 135 por 187 côvados (Mishná Midos 2:6). Entretanto, segundo a lei rabínica, um contaminado por um corpo morto está proibido até de entrar no Cheil, área mais ampla que circunda o Pátio (Mishná Keilim 1:8).

O restante do Monte do Templo, com exceção do Cheil e do Pátio, estaria acessível para contaminados por um corpo morto. Todavia, pessoas com outros tipos de contaminação estariam proibidas de ingressar em qualquer parte do Monte do Templo.

Conflito no Monte do Templo em 1929

Em 23 de agosto de 1929, ainda sob domínio do Mandato Britânico, irrompeu pela primeira vez um conflito no Monte do Templo. As hostilidades se estenderam até 29 de agosto, deixando 110 árabes e 133 judeus mortos.

Apenas em 24 de agosto, mais de 60 rabinos foram mortos em Hebron. O então rabino-chefe da comunidade ortodoxa de Jerusalém, Yosef Chaim Sonnenfeld, emitiu um apelo pela paz à população árabe, assegurando-lhes que não havia planos secretos para tomar o Monte do Templo ou quaisquer outras propriedades árabes.

“Os judeus não querem, de forma alguma, tomar o que não é deles. E eles certamente não querem contestar os direitos dos outros habitantes aos lugares mantidos por eles, que consideram honrados e sagrados. Em particular, não há fundamento para o rumor de que os judeus querem adquirir o Monte do Templo. Pelo contrário, desde que, por causa de nossos pecados, fomos exilados de nossa terra e nosso Templo Sagrado foi destruído, temos faltado à pureza exigida pela Torá. É proibido a qualquer homem de Israel pisar no terreno do Monte do Templo até a vinda do justo Mashiach, que, com o espírito do Senhor que pairará sobre ele, governará com retidão para o bem de toda a criação, e nos retornará à pureza exigida pela Torá.”

Atacar o Monte do Templo sempre foi uma posição do sionismo, não dos judeus. Nas palavras do posek Rav Moshe Sternbuch, líder da geração atual, em 20 de novembro de 2014:

“Aqueles judeus religiosos com uma kipá na cabeça que entram no Monte do Templo, violando uma proibição que acarreta a penalidade de kareis, aumentam dramaticamente o ódio dos muçulmanos contra nós, porque estão invadindo um local que eles consideram sagrado. Dessa maneira, sua guerra contra nós se torna uma guerra religiosa. Eles incitam seu povo contra nós, a ponto de muitos estarem prontos para cometer ataques suicidas. Esses judeus religiosos violam o juramento que D’us impôs ao povo judeu de não provocar as nações do mundo.”

Crise da novilha

Há 1700 anos, o povo judeu não tem uma novilha vermelha para sacrifício, não havendo, portanto, autorização para ingressar na área do Templo. Essa purificação também seria necessária para a construção de um terceiro templo.

Para tentar adquirir o apoio da comunidade judaica na ocupação do Monte do Templo, o sionismo promoveu diversas tentativas de realizar o ritual. Em 1997 e 2002, algumas novilhas foram consideradas aptas, mas acabaram reclassificadas como defeituosas e descartadas. Em 2018, anunciaram o nascimento de uma candidata e, em 2022, tentaram importar cinco novilhas norte-americanas.

Como parte da campanha de ocupação, essas novilhas foram declaradas sem defeitos por rabinos. Essa campanha foi lembrada pelo Hamas no pronunciamento após a Operação Tempestade Al-Aqsa, em 7 de outubro de 2023.

Enclave imperialista

Fica evidente que o Estado de “Israel” não representa a nação judaica, mas sim um Estado artificial, com interesses diversos dos religiosos. Trata-se de um esforço imperialista para aliciar os religiosos e resolver um problema demográfico em seu enclave.

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