O Dia Internacional da Mulher Operária, celebrado no dia 8 de março, é historicamente uma data de luta da classe trabalhadora. Desde suas origens, a mobilização do 8 de março esteve ligada à reivindicação dos direitos das mulheres operárias, suas condições de trabalho, salário igual para funções iguais, creches, licença-maternidade e, sobretudo, a sua participação ativa na luta pelo socialismo. Os marxistas, incluindo Vladimir Lênin e Rosa Luxemburgo, sempre defenderam que a mulher operária e camponesa lutassem ombro a ombro com os homens trabalhadores contra a exploração capitalista, e acreditavam que a emancipação das mulheres só poderia ser conquistada através da luta da classe operária como um todo.
Os atos organizados no Brasil nos últimos anos traíram completamente esse espírito combativo, tendo sido cooptados por um setor da esquerda pequeno-burguesa que transformou a data em um espetáculo identitário e eleitoral. Os atos que ocorrem nas grandes cidades brasileiras, promovidos por organizações feministas identitárias e partidos oportunistas, não possuem qualquer relação com as reais demandas das mulheres trabalhadoras. A plataforma que predomina nesses atos é inteiramente voltada para as reivindicações de um setor da classe média e da pequena-burguesia, que usa a bandeira do feminismo para angariar benefícios individuais e capital político.
A verdadeira luta das mulheres sempre esteve vinculada à luta contra a exploração e a opressão do sistema capitalista, algo que esses grupos ignoram deliberadamente. Em vez de se organizarem para a luta contra o Estado, contra a classe dominante e contra o imperialismo, os atos do 8 de março se limitam a discursos vazios sobre “representatividade”, como se colocar algumas mulheres em cargos de poder dentro do regime burguês fosse resolver qualquer problema.
A política promovida por essas organizações segue um método do próprio imperialismo para desviar a luta das mulheres do caminho revolucionário. O identitarismo, base da política desses setores, atua para fragmentar a classe trabalhadora, colocando mulheres contra homens, negros contra brancos, LGBTs contra heterossexuais, enfraquecendo qualquer possibilidade de organização real para a transformação da sociedade.
A substituição da luta de classes por uma política de identidade serve diretamente aos interesses do grande capital. Enquanto militantes pequeno-burguesas se dedicam a exigir mais mulheres em cargos de chefia dentro das grandes corporações ou no parlamento burguês, as massas seguem sem direitos básicos, sem acesso a serviços públicos de qualidade e sujeitas à exploração do trabalho precarizado. O caso da ascensão de mulheres como Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e Kamala Harris, ex-vice-presidente dos EUA, ilustra essa farsa: ambas representam políticas imperialistas e anti-operárias que nada têm a ver com os interesses das mulheres trabalhadoras.
A política identitária também se expressa na censura e repressão dentro dos próprios atos. Organizações que não compactuam com essa linha são constantemente hostilizadas e impedidas de participar das manifestações. O episódio do ano passado, quando grupos sectários chamaram a polícia para expulsar as mulheres do Partido da Causa Operária (PCO), que defendiam uma posição classista no ato da Avenida Paulista, ilustra bem o caráter antidemocrático desses setores.
Outro fator que deve ser denunciado é a apropriação do 8 de março por setores eleitorais da esquerda pequeno-burguesa. Partidos como PSOL e PCdoB, além de grupos ligados ao PT, usam a data apenas para promover suas candidaturas, transformando um dia de luta em um evento de comício para as próximas eleições. A política defendida nesses atos não oferece nenhuma alternativa concreta para as mulheres exploradas. Suas reivindicações não passam de promessas vagas e discursos genéricos sobre “empoderamento”, sem tocar na raiz dos problemas que afetam a maioria da população feminina, como o desemprego, os baixos salários, a falta de moradia e o avanço da repressão estatal.
O 8 de março precisa ser resgatado como um dia de luta real das mulheres trabalhadoras, e não um palco para a promoção de interesses pequeno-burgueses e eleitorais. Os atos organizados pelas feministas identitárias e pela esquerda oportunista não representam os interesses da classe operária, mas sim os das ONGs financiadas pelo imperialismo e dos grupos que querem garantir seu espaço dentro do regime burguês.
A verdadeira luta das mulheres deve estar vinculada à luta contra a exploração capitalista e à organização independente da classe trabalhadora. Por isso, em oposição ao circo montado pelos identitários para os atos de 8 de março, o Partido da Causa Operária (PCO) e o Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo organizarão um ato independente neste ano. A manifestação nacional, que contará com caravanas e delegações de todo o Brasil, ocorrerá às 10h na Praça do Patriarca, em São Paulo.