Uma matéria assinada por um tal de Cristiano Costa no Poder360, com seu título pretensioso Apostas ilegais são o combustível para o jogo patológico no Brasil, é um exemplo de como o discurso moralista e reacionário se disfarça de preocupação social. Para Costa, a regulamentação das apostas é um “passo fundamental”, um “avanço”. Mas que avanço é esse, que na prática aprofunda o controle estatal e abre caminho para mais impostos, enquanto o povo segue sem acesso a saúde de verdade?
A regulamentação, longe de ser um avanço, é uma medida que atende aos interesses do grande capital e do Estado. Ela não serve para “proteger o apostador”, mas para concentrar o mercado nas mãos de poucas empresas regulamentadas, e, de quebra, dar uma justificativa moral para o Estado se intrometer na vida privada de cada um. Costa, ao defender uma “ofensiva dura e constante contra o mercado ilegal”, está, na verdade, pedindo mais poder ao aparato de repressão do Estado. Ele quer que a Anatel, a Secretaria de Prêmios e Apostas e o Banco Central tenham mais poder para “sufocar o mercado clandestino” e “estrangular as transações financeiras clandestinas”. O que é isso se não aprofundar o Estado policial?
O discurso de “saúde pública” e “ludopatia” é a cortina de fumaça ideal para esconder a verdadeira intenção: fugir das questões reais. Cristiano Costa afirma que “só 1% de toda a fatia destinada ao Estado vai para a saúde”. E ele acha isso “muito pouco”. Mas por que o Estado, que se diz tão preocupado, não destina uma fatia considerável do dinheiro que é gasto com os banqueiros para financiar a saúde pública? Por que não taxa o lucro bilionário dos capitalistas? A resposta é simples: trata-se apenas de um pretexto. A prioridade é a arrecadação e o controle. O dinheiro vai para o caixa do Estado, para o agrado dos grandes capitalistas e para financiar a máquina de repressão que, ironicamente, é quem fará a “ofensiva” contra o “mercado ilegal”.
Costa quer “estrangular as transações financeiras clandestinas, em parceria com o Banco Central”. Essa medida não visa o bem-estar do apostador, mas sim o controle total do dinheiro. O que o Estado quer é saber de onde vem, para onde vai, e com quem está o dinheiro do povo. É um passo a mais na vigilância e no controle da vida de cada cidadão.




