Redes sociais

Por que a pequena burguesia não liga para liberdade de expressão?

Ex-deputada federal se tornou tão arrogante que sequer se dá ao trabalho de explicar as suas posições

A ex-deputada federal Manuela D’Ávila, ex-filiada ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), resolveu também dar pitaco na crise criada pelo presidente da Meta, Mark Zuckerberg, após anunciar mudanças significativas na política de moderação de conteúdo da empresa. No artigo O impacto do anúncio de Zuckerberg no futuro da democracia, D’Ávila procura defender que o caso “abre uma nova era na luta política e no combate que está sendo travado no mundo entre democracia e neofascismo”.

O mais curioso do artigo é que D’Ávila sequer se preocupa em argumentar. O artigo é, no final das contas, uma tentativa de criar uma histeria em torno da decisão de Zuckerberg, sem, ao menos, se aprofundar nas razões que levam a ex-deputada a tal posição.

D’Ávila diz que o leitor acreditar nela simplesmente devido “à minha experiência política com as redes sociais”, “ao fato de eu viver, pelo menos desde 2017, na carne as violências que essa nova esfera da vida em sociedade é capaz de produzir e incentivar” e “à minha vida acadêmica”. Que alguém que tenha sido candidata a vice-presidente da República em uma chapa encabeçada pelo Partido dos Trabalhadores apresente a sua vida pessoal como prova irrefutável de sua tese mostra a decadência na qual a esquerda pequeno-burguesa está envolvida.

A “carteirada” de D’Ávila revela também outra coisa. Ela revela que a esquerda pequeno-burguesa, de tanto ceder terreno para a direita e atirar na lata do lixo a defesa da liberdade de expressão, se tornou incapaz de se comunicar. Para D’Ávila, ninguém merece uma explicação: todos devem segui-la simplesmente porque ela, iluminada, diz o que é certo e o que não é. E ponto final. Afinal, como bem diz ela, D’Ávila pesquisa, “no doutorado, as políticas de regulação da internet no mundo e a relação disso com as ideias de liberdade norte-americanas, noções que funcionam como um mito que cimenta o sentimento nacional dos Estados Unidos”. Traduzindo: você não faz doutorado? Então cale-se diante da sábia ex-deputada!

A arrogância de D’Ávila tem tudo a ver com o debate acerca da medida de Zuckerberg. Ela diz:

“As ideias para as quais Zuckerberg diz que dará liberdade são aquelas que ameaçam instituições e democracias. Ideias de violência e tortura. Ideias de ódio aberto contra as mulheres.”

Que Zuckerberg se alia com quem pratica violência e tortura, não causa dúvida para ninguém. O que chama a atenção, no entanto, é: e durante o governo de Joe Biden, não havia violência e tortura? Não havia “ameaças” às “instituições e democracias”? Por acaso, em 2014, há mais de 10 anos, não aconteceu um golpe de Estado sangrento na Ucrânia?

D’Ávila é tão arrogante que não apenas não se dá ao trabalho de convencer as pessoas de sua tese, como sequer se dá ao trabalho de explicar exatamente o que ela quer dizer. Sua histeria em torno da medida de Zuckerberg é uma forma de protestar contra dois fatos políticos recentes:

  1. A derrota eleitoral de Kamala Harris, do Partido Democrata e ex-vice-presidente;
  2. A reversão de parte da política de censura imposta pela CIA à Meta.

Quanto à derrota do Partido Democrata, não há muito o que explicar. O governo de Joe Biden foi o responsável pelo genocídio mais cruel da história da humanidade, ao ponto de ser forçado a desistir de sua reeleição. Donald Trump, o atual presidente, pode não ser nenhum admirador de princípios democráticos, mas acreditar que só agora o mundo entraria em uma etapa de “ameaças” é uma loucura completa. É uma capitulação da ex-deputada diante do imperialismo, que é o grande defensor da balela de que o mundo estaria dividido entre “democratas” e “autoritários”.

Quanto à reversão da política de censura, é uma contradição da política interna norte-americana, mas que deve ser comemorada pela esquerda. Ela implica que a Meta, entre outras medidas importantes, deixará de realizar a “checagem de fatos”, o que servia para censurar tudo aquilo que desafiava os interesses do regime.

É compreensível que D’Ávila não saiba valorizar a importância da liberdade de expressão. Afinal, para ela, a comunicação não é importante: basta agir com truculência, pensa ela, que as coisas andarão como deseja. Não tardará, no entanto, para ela descobrir que a esquerda pequeno-burguesa não é capaz de impor sua vontade. Ao defender uma política repressiva, ela acabará sendo atropelada pela extrema direita.

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