Em artigo publicado pela Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (17), a jornalista Dora Kramer critica o presidente Lula por ter dito que “nunca houve um Congresso de tão baixo nível”. Segundo Kramer, a fala seria “imprudente”, “deselegante” e até “covarde”. Uma verdadeira ladainha moralista cujo único objetivo é interditar o debate político e impedir qualquer crítica ao regime e às instituições do Estado.
A autora afirma que “não é papel do presidente fazer juízo de valor sobre outro Poder” — ou seja, o presidente da República deve se calar diante do poder da Câmara e do Senado, ambos dominados por partidos fisiológicos, por representantes diretos do latifúndio, dos banqueiros e das empreiteiras.
Mas, curiosamente, o mesmo jornal se julga autorizado a fazer “juízo de valor” sobre tudo e todos. A imprensa burguesa, que vive de atacar o povo e seus representantes, pode insultar o governo, os movimentos sociais e qualquer organização popular à vontade. Quando o presidente critica o Congresso, aí é “ataque às instituições”.
A grande imprensa quer impor um monopólio da palavra e do pensamento. Só ela pode definir o que é “civilidade”, “democracia” ou “respeito às instituições”. Curiosamente, trata-se da mesma imprensa que apoia o genocídio na Faixa de Gaza.
O próprio Supremo Tribunal Federal vive criticando o Executivo, interferindo em suas decisões e anulando leis e medidas aprovadas pelo governo — e isso, para a Folha, seria normal. Mas quando o presidente reage e diz a verdade sobre o nível do Legislativo, é acusado de “arrogante”.
O que está por trás dessa campanha é o esforço permanente de calar qualquer crítica à degeneração do regime político brasileiro.
É curioso que a histeria contra a declaração super-moderada de Lula parta justamente da imprensa burguesa — a mesma que está em campanha contra a liberdade dos usuários na Internet. Para a Folha de S.Paulo, nem o presidente, nem muito menos o povo podem criticar as autoridades públicas. É a definição de uma ditadura.




