EUA

Por que a campanha contra a desinformação é uma farsa

Como a agência encerrada por Trump desejava relativizar a verdade e colocá-la abaixo da propaganda ideológica

O anúncio do presidente Donald Trump sobre o fechamento da USAID caiu como uma bomba nuclear em diversas organizações, sobretudo da esquerda, que viram no encerramento do maior órgão doador de “ajuda humanitária” (leia-se corrupção política) o fim de diversas carreiras de sucesso na política. Temos apontado sistematicamente como, nos últimos anos, o dinheiro do Estado norte-americano tem aparecido nos bolsos de diversas personalidades e organizações da esquerda. Um exemplo é Guilherme Boulos, diretamente conectado a um órgão do governo americano que também teve seus fundos cortados, o NED (National Endowment for Democracy), criado para substituir a corrupção direta da CIA, conforme explicitado pelo fundador da organização, Carl Gerchman:

“Seria terrível para grupos democráticos ao redor do mundo serem vistos como financiados pela CIA. Vimos isso nos anos 1960, e é por isso que foi descontinuado.”

Seu ex-presidente Allen Weinstein reforçou essa ideia ao afirmar:

“Muito do que fazemos hoje foi feito secretamente há 25 anos pela CIA.”

A política do novo governo Trump de estrangular a máquina imperialista norte-americana, vista com horror pelo capital imperialista, também tem despertado pânico e desespero nas ONGs e setores da esquerda que seguiram fielmente a cartilha do imperialismo em suas campanhas políticas. Uma das mais relevantes tem sido o apoio à censura na internet. A extinta USAID foi o principal impulsionador dessa política no mundo, formulando inclusive a base ideológica dessa campanha, que foi adotada pela esquerda mediante um generoso “incentivo”. Toda essa política, rotulada como “combate à desinformação” e “combate às fake news“, nunca foi nada além de uma estratégia de controle da opinião pública através da censura, algo que fica explícito ao se ler o relatório da própria USAID sobre sua atuação em “combater a desinformação”.

O “guia sobre desinformação”, obtido pela empresa conservadora America First Legal através da Lei de Liberdade de Informação dos Estados Unidos, é um relatório que explica como a agência do governo agia para “encorajar” plataformas, órgãos de imprensa e até governos a impor censura a grandes parcelas da internet. O documento cita nominalmente diversas plataformas, como Reddit, Discord e 4Chan, além de alguns veículos de imprensa independentes, classificando-os como “sites conspiratórios”.

Outro aspecto sinistro do relatório são os princípios estabelecidos para identificar conteúdo a ser combatido, divididos em três categorias principais:

  1. Informação errada (misinformation): Conteúdo falso propagado por pessoas que acreditam que seja verdadeiro.
  2. Desinformação (disinformation): Conteúdo falso espalhado propositalmente por aqueles que querem disseminar mentiras.
  3. Malinformação (malinformation): Conteúdo verdadeiro considerado enganoso ou “manipulado” para induzir o leitor a uma ideia errada.

A definição de malinformação é particularmente preocupante, pois abre um precedente para que qualquer curador de conteúdo digital possa classificar praticamente qualquer informação como enganosa, mesmo que seja factualmente correta. Em essência, coloca a propaganda ideológica acima da verdade.

Outro ponto relevante do relatório é a política de “contato com os anunciantes” (advertiser outreach), que consiste em “alertar” os anunciantes sobre o fato de que seu conteúdo está sendo veiculado em plataformas que supostamente espalham alguma das três formas de desinformação mencionadas. Em outras palavras, trata-se de coagir os anunciantes a retirarem apoio financeiro de sites que não aderem à cartilha ideológica dominante, inviabilizando financeiramente essas plataformas.

Segundo o próprio relatório:

“Cortar esse apoio financeiro encontrado no espaço da tecnologia de anúncios dificultaria que agentes de desinformação espalhassem mensagens online. Esforços foram feitos para alertar os anunciantes sobre seus riscos, como a ameaça à segurança da marca ao serem posicionados ao lado de conteúdo questionável, por meio da realização de pesquisas e avaliações de conteúdo de mídia online.”

Diante de tudo isso, fica evidente a verdadeira face da política de “combate à desinformação”: uma campanha sórdida de censura, perpetrada pelo imperialismo, que alicia ou obriga todos os agentes possíveis a participarem de um processo de controle ideológico da população. O objetivo é garantir a hegemonia da imprensa tradicional capitalista, para que esta continue veiculando as mentiras que interessam aos poderosos.

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