As Forças Armadas da Polônia anunciaram no sábado (13) a mobilização de caças e a elevação do nível de prontidão de suas defesas aéreas após alegações de atividade de drones próximos à fronteira com a Ucrânia. Segundo o Comando Operacional, aeronaves polonesas e de aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) passaram a patrulhar o espaço aéreo, com apoio de radares e sistemas de defesa em terra. Varsóvia classificou a medida como “preventiva” e voltada à “proteção da população” nas regiões orientais do país.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, afirmou que os drones abatidos durante a semana seriam de origem russa, mas não apresentou provas. Moscou negou qualquer operação contra a Polônia. O encarregado de negócios da Rússia em Varsóvia, Andrey Ordash, declarou à agência RIA Novosti que o governo polonês “não forneceu nenhuma prova da origem dos aparelhos”. O Ministério da Defesa russo confirmou ataques contra instalações militares ucranianas, mas destacou que os drones utilizados “não têm alcance suficiente para chegar ao território polonês”.
Dias antes, o vice-ministro da Defesa da Bielorrússia, Pavel Muraveiko, informou que Minsk havia alertado Polônia e Lituânia sobre drones se deslocando perto das fronteiras. De acordo com as autoridades bielorrussas, parte dos aparelhos teria decolado do território ucraniano, o que foi reconhecido pelos próprios poloneses em comunicações oficiais.
Apesar disso, o ministro da Defesa da Polônia, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, declarou que armas foram empregadas contra “objetos hostis”, configurando o primeiro engajamento aéreo direto de um país da OTAN desde o início da guerra na Ucrânia. O governo polonês também reforçou a fronteira leste com 40 mil soldados, em resposta às manobras militares conjuntas da Rússia e da Bielorrússia, conhecidas como Zapad 2025, iniciadas em 13 de setembro e que envolvem cenários de uso de armamento nuclear.
Escalada militar no Leste europeu
As acusações da Polônia se intensificaram no dia 10, quando Varsóvia afirmou que 19 veículos aéreos não tripulados (VANTs) teriam violado seu espaço aéreo em apenas sete horas. O governo polonês não apresentou provas, mas acionou o Artigo 4 do tratado da OTAN, que prevê consultas entre os membros quando um deles se declara ameaçado.
Moscou rejeitou a versão, apontando que “nenhum alvo foi planejado em território polonês” e que o alcance dos drones russos não permitiria atravessar centenas de quilômetros até a fronteira. O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, afirmou que as acusações contra a Rússia são feitas “diariamente” sem qualquer comprovação. Minsk, por sua vez, ofereceu uma explicação alternativa: os drones podem ter perdido a rota devido a interferências de guerra eletrônica.
Mesmo sem confirmação da origem dos equipamentos, a OTAN anunciou o envio de reforços à região. A Alemanha deslocou quatro caças e cerca de cinco mil soldados para a Lituânia, país vizinho da Polônia e da Rússia, e declarou que até 2029 pretende aumentar em 100 mil o número de militares ativos. Segundo a imprensa alemã, o objetivo seria adequar as Forças Armadas às novas metas da aliança militar para uma guerra prolongada no Leste europeu.
A movimentação alemã foi acompanhada de declarações de dirigentes do bloco. O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, qualificou o episódio como “imprudente e perigoso”, enquanto a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, falou em “solidariedade total” com Varsóvia. O presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também reproduziram as alegações polonesas.



