Brasil

Política de avestruz não diminuirá ataques da direita a Lula

Articulista caracteriza a política econômica vigente como um esforço para “reconstrução de um país”, e critica: “chamam de gastança e arrocho fiscal”

No artigo Os ataques políticos à economia de Lula, publicado no portal de esquerda Brasil 247 e também no jornal golpista Folha de S. Paulo, o jornalista Ricardo Amaral tenta responder os críticos da política econômica implementada pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad. No texto, Amaral caracteriza a política econômica vigente como um esforço para “reconstrução de um país”, e critica: “chamam de gastança e arrocho fiscal”. Diz o jornalista no artigo:

“É indisfarçável o viés político de ataques que contrastam com a trajetória dos governos Lula e os fundamentos reais da economia. Por exemplo: o país saiu de um déficit primário de 2,3% em 2023, pagando o calote de R$ 82 bilhões nos precatórios e os recursos confiscados aos estados por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, para 0,09% em 2024. Isso é déficit zero em qualquer contabilidade, mas chamam de rombo.”

A política de “déficit zero”, ou seja, o fechamento das contas das despesas governamentais observando os limites das receitas, é uma política de interesse dos banqueiros. Importante destacar que, quando se fala no “déficit”, o que está sendo dito de maneira abreviada (e golpista) não é o balanço final das contas, mas o chamado “déficit primário”, isto é, as despesas do governo sociais, o que o governo gasta com o povo, excluindo-se aí o pagamento de juros da dívida pública. Por outro lado, a principal despesa do governo reside justamente nesse “detalhe” excluído da conta do déficit, que é a rolagem da dívida pública, responsável, sozinha, por morder 50% do orçamento federal.

Trata-se de uma expropriação da população para benefício de bancos e especuladores, a maioria estrangeiros. A chamada redução do déficit (uma farsa porque a dívida pública só cresce) defendida por Amaral significa que o governo está cortando mais do povo para garantir aos banqueiros, algo que um esquerdista jamais deveria comemorar.

Dito isso, a conclusão a que chegamos com o parágrafo de Amaral é que o governo Bolsonaro teria uma política mais popular e menos submissa aos banqueiros, uma vez que conseguiu governar sem tanta preocupação com o déficit, como sugere o texto. É uma falácia, mas parece indicar que para o jornalista, governo bom não é aquele que beneficia os trabalhadores, mas o que atende os banqueiros. O autor conclui então:

“Nos 45 anos de existência do PT, já disseram que Lula iria dar calote na dívida, expropriar fazendas, encampar bancos e até confiscar a poupança. Cobertas pelo verniz de análise “técnica” e alardeadas no último dialeto mercadista, as falácias de hoje descendem diretamente das calúnias grosseiras do passado. Vocalizam interesses econômicos e alinhamentos políticos com a mesma carga de preconceito e aversão ideológica.”

Ocorre que a defesa feita por Amaral da política do “déficit zero” torna ele próprio um instrumento da pressão da direita contra Lula e o PT, e isso não tem relação com “aversão ideológica”, mas um fenômeno real, embora frequentemente ignorado pelos petistas: Lula não é um político da classe dominante. Sendo uma liderança socialmente amparada nos trabalhadores, ele jamais conseguirá entregar os resultados desejados pela burguesia. A verdadeira política defendida pelos banqueiros sequer consegue ser feita por direitistas como Jair Bolsonaro, como evidencia o autor acima.

O método do imperialismo, portanto, está em pressionar Lula constantemente para que ele não se desvie para o que seria seu curso natural, com uma política nacionalista. É a isso que serve a política econômica de Haddad e, também, a isso que serve o elogio de Amaral aos resultados obtidos pelo ministro da Fazenda. O que está em jogo não é apenas a “técnica” de equilibrar as contas públicas, como ele sugere, mas sim a resistência da classe dominante à figura de Lula, um político que não pertence à classe burguesa tradicional.

No entanto, a crítica de Amaral aos órgãos de imprensa do imperialismo, expõe a inutilidade de tentar agradar a direita e, principalmente, de se submeter à política dos banqueiros. Ao invés de buscar o impossível equilíbrio entre atender aos interesses dos bancos e ao mesmo tempo garantir melhorias para o povo, o governo Lula deve, com firmeza, se opor a essa tentativa suicida de conciliar interesses inconciliáveis e implementar a verdadeira política econômica que beneficiaria a nação, e sua população: não é a de buscar um “déficit zero”, mas sim a de enfrentar a direita no “pagamento de juros zero”, rompendo com a pirataria que consome metade do orçamento federal em favor dos banqueiros.

O combate à dívida pública, o fim dessa espoliação sistemática e criminosa do povo brasileiro, é a única política que pode garantir um futuro livre para o País, sem se submeter a um regime econômico que, no fundo, representa uma verdadeira ditadura dos parasitas. Se a direita pressiona o governo para uma política entreguista e neoliberal, a esquerda deve pressionar também, para uma política desenvolvimentista, que aumente de verdade o salário mínimo (e não o faz de conta de até 2,5% do Plano Haddad), invista os recursos na melhoria da infraestrutura, criando novos empregos e melhorando o padrão de vida do povo brasileiro.

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