Na última quinta-feira (27), quatro policiais militares serão julgados em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, acusados de homicídio qualificado pela morte de dois jovens em 2021. Célio Cordeiro dos Santos Júnior, Daril José Afonso Rita, Giovani Fanti Padovan e Thiago Trídico respondem pelo assassinato de Adeilton Souza da Silva, de 21 anos, e Richard Miranda Claudino da Silva, de 26 anos, baleados após serem rendidos. O julgamento ocorre por recurso que dificultou a defesa das vítimas, conforme denúncia do Ministério Público (MP), que apontou execução em vez de confronto.
O caso começou com um roubo em uma chácara no Jardim Veneza, onde quatro assaltantes levaram um botijão de gás e um celular de um casal e sua filha. Uma hora depois, os PMs abordaram um carro suspeito. Dois ocupantes fugiram, enquanto o motorista e o passageiro, Ulisses Rogério Souza dos Anjos e Lindomar Viana, supostamente trocaram tiros com os policiais e morreram no local. Meia hora após, Adeilton e Richard, já detidos, foram mortos com cinco e sete tiros, respectivamente. Imagens de segurança, porém, mostraram que os corpos foram movidos para uma estrada de terra, indicando simulação de confronto, segundo o promotor José Márcio Rossetto Leite: “os denunciados detiveram e empregaram, ilegalmente, duas armas de fogo na cena criminosa, pois ficou evidente que as vítimas, quando foram assassinadas, já estavam rendidas, portanto não portavam armas de fogo”.
Outros quatro PMs investigados pelas mortes de Ulisses e Lindomar foram absolvidos, pois a Justiça reconheceu legítima defesa na troca de tiros inicial. O Comando da PM informou que, após processo disciplinar em 2021, os acusados foram realocados para funções administrativas, mas não confirmou ao g1 se seguem atuando. Uma testemunha participará do júri por videoconferência.
A estrutura da Polícia Militar, mais que os agentes em si, revela-se o cerne do problema. A corporação, historicamente marcada por abusos, acumula casos semelhantes – em 2023, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública registrou 6.481 mortes por intervenção policial no País, demonstrando a urgência da extinção das polícias brasileiras, uma ameaça contra a população negra do Brasil.





