Na última sexta-feira (4), o motorista Reginaldo da Silva foi brutalmente agredido por policiais militares em Londrina, Paraná, durante uma abordagem no bairro Jardim São Jorge. Acusado de ter um “olhar” suspeito, ele sofreu um mata-leão que o deixou desacordado por mais de uma hora. Veja no vídeo abaixo:
No vídeo gravado pela esposa da vítima e amplamente divulgado, é possível ver a violência dos agentes, que ainda ameaçaram enquadrá-lo por “desacato”, mesmo sem resistência. Ao sítio Portal Verdade, Silva relatou:
“Um dos policiais me perguntou se tinha algum problema, ‘porque você está com a cara feia?’ Respondi que não, para continuar fazendo o serviço dele, mas ele se aproximou, pediu para eu pôr a mão na cabeça, me levou pra dentro do estabelecimento e me aplicou um mata-leão, deixando desacordado no chão por mais de uma hora.”
As imagens capturaram o desespero da esposa, que implorava: “você sabe que eles são folgados, já mataram dois filhos nossos. Eles gostam de matar inocente”. Ela destacou o caráter trabalhador do marido, dizendo: “meu marido é trabalhador, tem dois empregos”. Um policial ameaçou detê-la por filmar. A vítima foi enfim levado à UPA do Jardim do Sol, após pressão de testemunhas
O deputado estadual Renato Freitas (PT), em publicação no X no último sábado (5), denunciou que a agressão ocorreu sem provocação, apenas por Silva responder à acusação sobre seu “olhar”, destacou também que “sua esposa [de Silva], ao gravar a cena, lembrou os casos de Wendel e Kelvin (parentes vítimas de violência policial), o que intensificou a brutalidade”. Segundo Freitas, o atendimento médico demorou uma hora e meia, dependendo de autorização policial, e na UPA do Jardim Leonor exigiram a assinatura de Reginaldo, apesar de ele estar três horas desacordado.
Morador do bairro há 23 anos, Reginaldo afirmou: “já presenciei várias vezes, mas não tem como registrar porque eles ameaçam quebrar o celular”. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2024) indicam que negros representam 78% das vítimas de mortes policiais no Paraná, apesar de serem menos de 30% da população. A PM não se pronunciou oficialmente, mas a Ouvidoria da corporação investiga o caso.
A violência contra o motorista reflete a verdadeira função da polícia, uma máquina de repressão contra trabalhadores e negros. Episódios como esse mostram a necessidade de a população ter o direito à autodefesa armada para evitar humilhações e torturas, e também da extinção desse instrumento odioso do terror burguês.