Mato Grosso do Sul

PM assassina índio em surto com 10 tiros em Dourados

Ignorando clamores de familiares, PM assassina índio guarani-caiouá doente em surto na Reserva de Dourados

A polícia militar do estado do Mato Grosso do Sul assassinou de maneira bruta o índio Guarani-Caiouá Rodrigo Gonçalves de 29 anos em sua própria casa, dentro da Aldeia Jaguapiru, na grande Reserva de Dourados. Doze policiais militares executaram com pelo menos dez tiros o índio que estava em surto dentro da sua própria residência, sendo um tiro na fatal na cabeça. Mais uma ação criminosa da polícia militar do tucano Eduardo Riedel contra a população e, em particular, contra os índios do estado.

Gonçalves era paciente regular do Hospital da Missão e tomava remédio controlado para viver com sua esposa e filha. Rodrigo também era portador de uma deficiência em um dos braços, que o deixava sem poder utilizá-lo.

O que ocorreu?

O guarani-caiouá sofria de um surto pela falta de seus medicamentos controlados. No dia 23 de dezembro, os familiares chamaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para ajudar a medicá-lo. Gonçalves, no entanto, não representava nenhum perigo para a comunidade e muito menos para os funcionários do SAMU.

As denúncias realizadas por familiares dadas de maneira exclusiva para a equipe do Diário Causa Operária (DCO), afirmam que ligaram à equipe do SAMU para ajudar a medicar o paciente e em nenhum momento chamaram a polícia, pois não representava nenhum risco para a comunidade. Gonçalves, disseram, estava apenas irrequieto e agitado.

A equipe do SAMU chegou com uma viatura da PM, que prontamente ameaçou o paciente, o que só o deixou ainda mais agitado e nervoso, resultando em ações mais fortes do índio.

Na sequência, os policiais militares chamaram uma equipe dos bombeiros e mais duas viaturas da PM. Com a chegada de 12 policiais fortemente armados para lidar com uma conduta hostil contra a vítima, Rodrigo entrou na sua residência e pegou um machado. Foi a desculpa para os criminosos abrirem fogo contra o índio.

Pelo menos dez projéteis o atingiram, sendo um direto na cabeça. Rodrigo Gonçalvez morreu na hora, na frente de sua esposa, filhos, irmãos e de sua mãe. Os familiares lembram que por sua deficiência, Rodrigo não conseguia mexer um dos braços.

Durante todo esse processo, a família estava no local e avisou os criminosos sobre o surto, dizendo que apenas queriam ajuda para imobilizá-lo, para que ele fosse medicado. Mesmo com os avisos, a família foi surpreendida com a violência da polícia e selvageria que culminou na execução do rapaz.

Violência policial e abandono do estado

A violência policial contra os índios e a população trabalhadora é corriqueira. No Mato Grosso do Sul, a polícia militar sob ordens do estado, realiza essas operações para criar um clima de terror entre a população e impedir o desenvolvimento da luta dos índios por seus direitos, criando “guetos” informais, como a reserva indígena de Dourados, onde ficam confinados e saem apenas para trabalhar, sem nenhum direito.

A atuação da polícia não é fruto de despreparo, mas sim a verdadeira natureza do trabalho da PM, voltado à repressão dos índios, que sobrevivem em condições medievais, enfrentando a falta de água, comida e terras para trabalhar e alcançar autonomia. No estado, a força policial serve como instrumento dos latifundiários contra as retomadas de terras tradicionais pelos índios e outras iniciativas de luta, todas brutalmente reprimidas pela burocracia policial.

No caso de Gonçalves, o estado sequer deu satisfação sobre o assassinato ou qualquer apoio para os familiares devido à conduta criminosa da PM.

Esse é mais um caso que revela a necessidade de acabar com essa instituição odiosa. Em todo o Brasil, ela não tem outra serventia além de proteger os latifundiários e a burguesia, atacando a população pobre e trabalhadora, na cidade e no campo.

É preciso denunciar mais esse crime da polícia do estado do Mato Grosso do Sul e do governador Riedel contra os índios, e exigir que o estado indenize a família de Gonçalves, que se encontra em uma situação difícil e submetida ao terror da violência da polícia.

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