São Paulo

PM espanca mulher negra em São Paulo

SSP afirmou que o caso foi registrado apenas como 'desacato', indicando que a mulher estava apanhando gratuitamente

Na última sexta-feira (4), uma mulher negra de 37 anos foi brutalmente agredida por policiais militares na rua Independência, no bairro Cambuci, região central de São Paulo, em frente a um imóvel ocupado. Um vídeo enviado ao g1 mostra dois PMs agredindo a vítima, empurrando-a contra a parede e tentando derrubá-la com rasteiras, enquanto ela gritava para não ser tocada, como é seu direito, tendo em vista a diferença de sexos.

Outro policial se aproximou, e a mulher, após resistir, foi algemada. A ação gerou revolta entre transeuntes, que começaram a se aglomerar no local, o que levou os PMs a chamarem reforços. Cinco agentes extras chegaram, não para lidar com a vítima, mas para ameaçar a multidão que protestava contra a violência.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a mulher foi detida por desacato e levada ao 8º Distrito Policial, onde assinou um termo circunstanciado e foi liberada. Segundo a Polícia Militar, a abordagem inicial era direcionada a dois suspeitos, quando a mulher teria insultado os agentes e jogado uma lata de cerveja contra um deles.

A SSP afirmou que a conduta dos policiais será apurada, mas o caso foi registrado apenas como desacato e encaminhado ao Juizado Especial Criminal (JECRIM). Não houve outras acusações contra a vítima, indicando que ela não cometeu nenhum crime além da suposta reação à abordagem.

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que, em 2023, a letalidade policial em São Paulo atingiu 413 casos, com negros como principais vítimas. A brutalidade no Cambuci reforça esse padrão.

Testemunhas relataram à reportagem de Rede Brasil Atual que a mulher não representava ameaça e a ação dos PMs foi “desproporcional”. A vítima, ao tentar se afastar, foi imobilizada com violência gratuita, o que expõe a truculência rotineira da corporação.

Mesmo que a mulher tivesse cometido algum delito, nada justificaria a ação criminosa dos policiais. O fato de não terem encontrado nada além de um suposto desacato, porém, agrava a barbaridade do ocorrido, comprovando que a PM é uma instituição irreformável, cuja extinção se faz necessária frente a abusos sistemáticos.

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